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Rússia é o primeiro país a reconhecer o Emirado Islâmico do Afeganistão

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Da redação

O Talibã retornou poder em 2021

Rússia é o primeiro país a reconhecer o Emirado Islâmico do Afeganistão
Ministério das Relações Exteriores da Rússia

A Rússia reconheceu oficialmente o Emirado Islâmico do Afeganistão, nome adotado pelos talibãs desde que retomaram o poder em 2021, após a retirada das tropas americanas. É o primeiro país do mundo a conceder esse reconhecimento formal ao regime, que espera que a decisão russa incentive outras nações a seguirem o mesmo caminho.

Desde que reassumiram o controle do país, os talibãs impuseram uma interpretação rigorosa da lei islâmica, especialmente restritiva em relação aos direitos das mulheres, que foram afastadas da educação e da vida pública. O governo busca, desde então, legitimidade internacional e investimentos para reconstruir o país após décadas de guerra.

“A Rússia é o primeiro país a reconhecer oficialmente o Emirado Islâmico”, declarou Zia Ahmad Takal, porta-voz do Ministério das Relações Exteriores do Afeganistão, à AFP.

Segundo o Ministério das Relações Exteriores da Rússia, o reconhecimento visa fortalecer a cooperação bilateral em áreas como energia, transporte, agricultura e infraestrutura. Moscou também prometeu apoio a Cabul no combate ao terrorismo e ao narcotráfico.

A decisão foi anunciada após um encontro entre o chanceler afegão Amir Khan Muttaqi e o embaixador russo em Cabul, Dmitry Zhirnov. O novo embaixador afegão na Rússia, Gul Hassan, já teve suas credenciais aceitas, e a bandeira dos talibãs foi hasteada pela primeira vez na embaixada afegã em Moscou.

Esta decisão corajosa será um exemplo para outros [...] Agora que começou o processo de reconhecimento, a Rússia esteve à frente de todos”, afirmou Muttaqi, em vídeo publicado nas redes sociais.

Em abril, Moscou já havia retirado os talibãs da sua lista de organizações terroristas. Em 2024, o presidente Vladimir Putin classificou o grupo como “aliado na luta contra o terrorismo” e anunciou planos para utilizar o Afeganistão como corredor para transporte de gás ao Sudeste Asiático.

Apesar da decisão russa, ativistas afegãs de direitos humanos criticaram o gesto. “Legitima um regime que exclui mulheres da educação, aplica flagelações públicas e protege terroristas sancionados pela ONU”, declarou Mariam Solaimankhil, ex-parlamentar afegã. Para ela, a medida evidencia que interesses estratégicos se sobrepõem aos direitos humanos.

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