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Santaluz: presidente da Câmara diz que sofreu machismo em reunião e repreende prefeito: 'Não nos respeita'

Data:
Jean Mendes

Câmara e Prefeitura têm tido embates por conta de uma suplementação que, segundo a Casa Legislativa, precisa ser feita

Santaluz: presidente da Câmara diz que sofreu machismo em reunião e repreende prefeito: 'Não nos respeita'
Divulgação

Presidente da Câmara de Santaluz, Joseane Santos, a Jo (PSB), usou a sessão desta quarta-feira (15) para denunciar que sofreu machismo durante uma reunião que envolvia líderes da Prefeitura. A vereadora chamou a situação de “vergonhosa” e disse que não vai "abaixar a cabeça" para "macho escroto, nojento".

"Nosso compromisso é com quem nos elegeu e é isso que tenho feito. Não tenho medo ou vergonha de falar nada nessa tribuna. Minha posição de mulher aqui não vai ser intimidada por esses machos, e me desculpa pelo termo macho. Em uma determinada reunião semana passada, minha postura feminina foi colocada, de ser usada com gestos e palavras obscenas por pessoas líderes do Executivo Municipal", denunciou.

Os nomes dos envolvidos ou de quem participava do encontro não foram informados pela parlamentar, única vereadora feminina da cidade, que fica na região sisaleira da Bahia.

"Isso é uma vergonha. Eu, enquanto mulher, respeito todos os homens. Não vou permitir, nem me ofuscar ou abaixar minha cabeça para nenhum macho nojento, escroto. Esse é um dos meus posicionamentos [...] Não estamos pedindo dinheiro a mais. Estamos pedindo remanejamento de orçamento. Se não fosse direito, não tínhamos entrado na Justiça. É um desgaste desnecessário", completou.

O discurso da presidente da Câmara de Santaluz tem relação com uma suplementação de orçamento que precisa ser assinada pelo prefeito de Santaluz, Arismário Barbosa Júnior (Avante). A Casa Legislativa argumenta que, há seis meses, tem tentado as relações com o Executivo para tratar da situação, sem sucesso. Servidores e vereadores, inclusive, estão com salários ameaçados por conta da falta de dinheiro.

Foi no início do seu posicionamento que a socialista comentou sobre o tema. "Por seis meses, oficializamos a Prefeitura para falar sobre o orçamento. Isso, para mim, é comunicação. Se isso deixou de ser comunicação, eu deixo de entender o papel. Depois, eu mesma fiz contato com o prefeito e os nobres colegas estão cientes. Marquei com ele, nesta Casa Legislativa. Esperei ele uma tarde inteira. Eu e mais duas servidoras. Ele não apareceu", lembrou.

"A partir do momento que tenho compromisso com qualquer pessoa, faço uma agenda, marco local e horário, e a pessoa não comparece e não me diz o motivo, para mim, não é compromisso com o que iríamos tratar. E ele sabe o assunto", observou Jo, ainda falando sobre o prefeito.

"Por diversas vezes, eu e o senhor líder do governo sentamos [para tratar da suplementação]. Foi na sala de reunião e porque não dizer nos corredores, nos bate-papos descontraídos. Falamos sobre esse mesmo assunto. No dia que falei com o senhor sobre qual tinha sido o posicionamento do prefeito: 'o prefeito não tem interesse'. Foi essa sua fala", reclamou Jo, ao se dirigir ao líder do Executivo na Câmara.

"Só para dizer que não é sentar com Arismário pela suplementação. Acredito que os vereadores aqui têm responsabilidade com o povo luzense. Nunca faltou essa responsabilidade aqui. Todos os projetos que chegam aqui e a gente entende que vai beneficiar o povo, a gente não vai colocar na gaveta. Vereador, porque o projeto da isenção das casas populares não colocamos na pauta, como o senhor citou? Porque é quase R$ 1 milhão de isenção", se defendeu.

Ainda na explanação, a presidente da Câmara de Santaluz voltou a criticar o prefeito Arismário.

"A suplementação que demos para ele, ele remaneja como entende. Porque precisamos sentar com alguém que não nos respeita? De alguém que não vem nessa casa? Eu falei: 'venha, prefeito, converse com os vereadores'. Depois da eleição [da Câmara], Arismário não passou dessa porta. Por qual motivo? Falta de respeito com os vereadores dessa casa, que representam o povo. Sentaremos com Arismário a qualquer momento, desde que sejamos respeitados por ele e pelo governo dele. Não estamos aqui batendo continência para prefeito, não", observou Jo. 
 

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