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Acusado de estupro, homem pode estar preso injustamente na Bahia

Data:
Jean Mendes

O enredo dessa história da vida real se passa na localidade conhecida como Laje de Cima, Nordeste da Bahia

Acusado de estupro, homem pode estar preso injustamente na Bahia
Ilustrativa/Arquivo/Agência Brasil

A vida de Jefferson Correia do Carmo mudou no último dia 17. Ele foi preso em flagrante por supostamente estuprar uma criança na zona rural de Monte Santo, Norte da Bahia. Só que testemunhas-chave garantem uma reviravolta: o homem estaria preso injustamente.

O enredo dessa história da vida real se passa na localidade conhecida como Laje de Cima. O relógio da dona de casa Celma dos Santos Jesus marcava exatamente 10h45 quando uma menina de 10 anos, sua vizinha, bateu na porta. "Ela contou que o Jefferson teria abordado ela, tentando arrancar sua roupa. Ela estava desesperada, toda ensanguentada e machucada nas pernas e rosto. Ela disse que o rapaz bateu nela com um pau", relembra. 

A criança foi socorrida por um rapaz, que estava a bordo de uma motocicleta. O homem apenas deixou a menina ferida na residência de Celma e seguiu seu caminho.

Desesperada e acreditando que havia ocorrido um estupro, Celma levou a menina até a casa da avó. Horas depois, o Conselho Tutelar de Monte Santo já tinha ciência do caso, assim como a Polícia Civil. Como a menina garantiu que Jefferson era o suspeito, ele acabou preso pela Polícia Militar.

Começava ali, porém, a sequência de situações que pode inocenta o rapaz. Na noite daquela mesma sexta-feira, um homem chegou ao local onde Celma mora com uma bicicleta sobre uma carrocinha. Ele disse que o objeto pertencia a uma menina que, mais cedo, sofrera um acidente e ele também ajudou. Foi nesse momento que a dona de casa percebeu a contradição no depoimento da menina. 

Ela ainda revela que, depois, a então vítima teria confessado que mentiu. 

“O local que ela contou onde o crime teria ocorrido foi diferente do que realmente ela estava. Depois que o homem já tinha sido preso, ela disse que não contou a verdade [sobre o acidente] porque estava com medo de apanhar da avó”, garante Celma.

TESTEMUNHAS

No mesmo dia e quase no mesmo horário que o suposto crime teria ocorrido, Jefferson estava em outro ponto de Monte Santo - distante cerca de dois quilômetros - O rapaz estava ajudando a limpar um galpão que pertence a Manuela Medrado.

Às 11h16, Jefferson mandou um áudio para Manuela, por meio de uma rede social, perguntando em qual local ela estava. Vinte minutos depois, a mulher respondeu. Quase que no mesmo minuto, o homem enviou outra mensagem, afirmando que estava a caminho.

"Sempre peço para ele me dar uma ajuda. Lá, ficou trabalhando. Quando terminamos, de repente, uma viatura da Polícia Militar desceu a rua, correndo muito. Jefferson continuou aqui e inclusive pegou meu carro para pegar um biquíni para uma menina, em uma casa. No retorno, assim que ele encostou o carro, foi dada a voz de prisão. Ele não sabia o que estava acontecendo", relembra Manuela.  

Uma câmera de segurança registra o momento em que Jefferson, vestido com uma camisa preta, sai de um imóvel com o carro de Manuela, pouco antes das 13h, de sexta-feira. Ele, inclusive, está acompanhado de três crianças pequenas. 

Como uma pessoa que acabou de cometer um estupro aparece sem estar suja ou machucada?, questiona.

INVESTIGAÇÕES

A suposta vítima foi ouvida no Conselho Tutelar de Monte Santo. Procurado pelo Portal do Casé, o órgão disse que as investigações são sigilosas, e sequer respondeu se a menina havia mudado seu depoimento. Também foi enviado um questionamento à assessoria de imprensa da Polícia Civil sobre o caso, mas ele não tinha sido respondido até a publicação desta reportagem.

Amigos de Jefferson se solidarizaram com a situação e conseguiram juntar R$ 5 mil por meio de uma "vaquinha". O dinheiro foi usado para pagar um advogado, responsável por representar o rapaz na audiência de custódia. O processo está em segredo de justiça, por envolver menor, mas o advogado Carlos Alberto Pereira dos Santos Júnior argumentou ao juiz que não havia exame sexológico que comprovasse o abuso. Não foi o suficiente.

"Tenho que esta tese não possui força suficiente para modificar a conclusão posta. É cediço que grande parte dos atos libidinosos não deixam vestígios, motivo pelo qual a ausência de constatação no laudo pericial não descredibiliza a narrativa", considerou o magistrado. 

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