O advogado criminalista Antonio Jorge Santos Júnior foi alvo de busca e apreensão nesta quinta-feira (11), em Salvador, suspeito de falsificar um habeas corpus para tentar soltar o traficante Averaldo Ferreira da Silva Filho, o "Averaldinho", líder do tráfico de drogas no bairro do Calabar, em Salvador.
Segundo a Polícia Civil, três notebooks, duas máquinas de cartão, dois pen drives e documentos foram apreendidos no imóvel onde funciona o escritório do investigado, na Avenida Antonio Carlos Magalhães.
Os policiais, da Delegacia de Crimes Econômicos e Contra a Administração Pública (Dececap), também estiveram em endereço no Corredor da Vitória. A Justiça também determinou a suspensão do exercício profissional do advogado.

A investigação, segundo a Polícia Civil, teve início após a apresentação do documento fraudado, solicitando a expedição de alvará de soltura de “Averaldinho”. De acordo com a delegada Lara Candice, titular da DECECAP, no dia 22 de julho deste ano, a Secretaria do Juízo certificou a inexistência da decisão no âmbito do STJ, indicando indícios de falsificação do documento.
OUTRO LADO
O Portal do Casé teve acesso a documentos trocados entre Antonio Jorge e o Tribunal de Justiça da Bahia. Em uma petição, assinada em julho, o advogado diz ter sido surpreendido sobre a decisão que teria soltado "Averaldinho", em 14 de maio.
“Acontece que, o suposto habeas corpus teria sido impetrado pelo antigo patrono do acusado, que atuou neste processo no inicio da instrução, a saber Bel EDUARDO RODRIGUES DA SILVA, inscrito na OAB-DF 26982, o qual enviou a decisão para o WhatsApp de parentes do requerente e cobrando incisivamente os honorários pelo ‘trabalho realizado’”, enviou Antonio Jorge à Vara de Organização Criminosa de Salvador.
"Se houve qualquer falsificação esta partiu tão somente do antigo patrono do acusado, sem anuência do mesmo e com total desconhecimento deste patrono que teve a infelicidade de juntar aos autos, visto que jamais viu uma situação como essa em mais de 10 anos de vivencia na advocacia", pontuou.
Segundo o documento assinado pelo advogado baiano, ele não sabia da decisão falsa e desconfiou. "A decisão ora passada chegou ao defensor que esta subscreve como verídica, porém a todo momento foi requerido QUE CERTIFICASSE SUA AUTENTICIDADE, visto que muito embora a decisão esteja datada 05.05.2025 e até o dia 08.05.20025, data da juntada aos autos, não HAVIA COMUNICACAO oficial do STJ, algo nunca visto antes".

O advogado Jorge Júnior anexou ainda prints de conversas entre Eduardo Rodrigues e a família de "Averaldinho", o que comprovaria sua tese. Em uma dessas fotografias, aparece suposta postagem, onde o advogado de Brasília comemora a soltura, falsa, do traficante.
