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Exclusivo! Esposa de PM acusado de matar advogado na Bahia fala sobre o caso pela primeira vez

Data:
Jean Mendes

Luiza Maria Oliveira está há quase seis meses sem Othon Carlos Ramos Silva em casa

Exclusivo! Esposa de PM acusado de matar advogado na Bahia fala sobre o caso pela primeira vez
Redes sociais

Luiza Maria Oliveira, esposa do policial militar Othon Carlos Ramos Silva, quebrou o silêncio e falou pela primeira vez sobre a prisão do marido. Ele é policial militar e está sendo acusado de matar o advogado Élido Ernesto Reyes Júnior, na cidade de Conceição do Coité, região sisaleira da Bahia. Em entrevista ao Portal do Casé, a mulher detalhou sobre possíveis inconsistências na acusação e na dificuldade em manter a rotina, com três filhas.

Na próxima sexta-feira (22), a prisão do PM completa seis meses. No final de julho, testemunhas foram ouvidas em uma audiência que contou com a presença de três juízes. No último dia 7, o Tribunal de Justiça da Bahia manteve o servidor público preso.

Othon está preso desde fevereiro. Foto: redes sociais 

"Na própria audiência, eu, como leiga, já saí com o coração aliviado de que ele sairia [da prisão]. Testemunhas de acusação não disseram nada. Três e nada disseram. Diante disso, as testemunhas de defesa colocaram Othon no pelotão [no horário do crime]. Ele estava em troca de plantão. A gente automaticamente entrou com HC acreditando estar certo. A acusação usou as mesmas justificativas para pedir a manutenção da prisão", disse Luiza.

O advogado foi assassinado a tiros na manhã do dia 11 de fevereiro, dentro do próprio carro. Imagens de uma câmera de segurança instalada na rua Bailon Lopes Carneiro mostram o suposto atirador. O vídeo flagra o suspeito estacionando uma motocicleta, modelo Biz, sem placa. Ele desce do veículo e volta correndo, cerca de 20 segundos depois. O carro que Élido estava quando foi assassinado, uma SW4, estava parado a poucos metros.

Para o Ministério Público e Polícia Civil, não há dúvida: era o soldado Othon quem pilotava a motocicleta e atirou contra a vítima.

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Para manter Othon preso, os juízes justificaram: "Permanece evidente o risco à ordem pública, sobretudo diante da forma como o crime foi cometido: à luz do dia, em plena manhã, em via pública movimentada, no centro da cidade, a poucos metros do Fórum da comarca. A audácia e a crueldade do ato, somadas à condição funcional do acusado, revelam comportamento absolutamente incompatível com a liberdade durante o curso do processo".

"Há indícios robustos de autoria, como imagens de câmeras de segurança, testemunhos prestados sob reserva de identidade por temor e relatos anteriores de ameaças formuladas pela própria vítima. A eventual ausência de reconhecimento formal ou confirmação pericial da imagem, por si só, não é suficiente para esvaziar os fundamentos que justificaram a medida, principalmente diante da multiplicidade de investigações similares em curso", continuaram.

Luiza Maria discorda. Ela cita depoimentos de testemunhas que dizem: no início da manhã do dia 11, o soldado estava no pelotão onde era lotado, em Conceição do Coité.

"Othon trabalhou no dia anterior do assassinato. Ele estava de plantão no dia 10. Testemunhas disseram que souberam [do assassinato] por mensagem, acredito que nos grupos da PM. Othon estava, naquele momento, no pelotão. Uma das testemunhas faz parte, inclusive, da guarnição dele. No plantão, de quem iria assumir no lugar dele, um dos PMs afirma que Othon estava lá", relembra a esposa do acusado.

"Quando existe a troca [do plantão], ele não sai imediatamente. Na saída, ele sempre precisou fazer os relatórios. Era quase impossível sair no horário", sustenta Luiza Maria. Ela também questiona uma suposta ameaça a testemunhas, outra motivação para manter Othon preso. "Testemunhas disseram que não têm problema com ele. No nosso olhar, ele só está preso por ser PM", argumenta.

FAMÍLIA

Othon Carlos tem três filhas, com Luiza Maria. Além de ser PM, era presidente da Associação de Moradores do bairro e chegou a comandar a Anjos da Vida, uma brigada voluntária que atende ocorrências em Conceição do Coité e Região.

"Temos três filhas. A mais velha precisou tocar a vida. Ela está com 18 anos. Estávamos na alegria de ela passar no vestibular. Ela mora fora, faz faculdade. O pai não estava para ajudar na mudança, no apoio, em tudo. Fora isso, há a questão financeira. Ele sempre foi o provedor do lar. Eu continuo sem acesso à conta dele. Nossa família vive do que eu trabalho e da ajuda de muitos amigos", disse, emocionada, Luiza.

"As outras duas meninas continuam comigo. A mais nova, de 10 anos, sente a falta dele. A cada noite é momento de reviver [o problema], explicar para ela para que isso não se torne trauma. A gente tenta ser o mais transparente com elas. Na manifestação, tem uma foto dela chorando. Até aquele momento, eu nunca tinha me manifestado publicamente", pontuou a esposa de Othon.

A manifestação que ela cita aconteceu em junho. Amigos e familiares do PM se juntaram na porta do fórum de Conceição do Coité para pedir sua soltura.

Protesto aconteceu em junho. Foto: arquivo pessoal 

 
 

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