Dois dos três PMs investigados na "Operação El Patron" movimentaram quase R$ 14 milhões entre janeiro e março de 2023. A informação foi obtida com exclusividade pelo Portal do Casé por meio de documentos da Receita Federal usados na investigação. A megaoperação, deflagrada em dezembro, mirou uma organização criminosa comandada pelo deputado estadual Kleber Cristian Escolano de Almeida, o "Binho Galinha".
Segundo a PF, os militares eram os "braços armados" da organização. De acordo com relatórios da Receita, o subtenente Roque de Jesus Carvalho teria movimentado, no período, pouco mais de R$ 9 milhões. O valor é incompatível com o salário que ele recebe do Governo da Bahia. As apurações dos órgãos federais apontam que Roque fazia pagamentos em espécie para "ocultar suas propriedades".
Já o soldado Jackson Macedo Araújo Júnior teria movimentado, entre janeiro e março de 2023, R$ 4 milhões. A Polícia Federal aponta que ele teria diversos imóveis e veículos em nome de "laranjas". Por fim, o último investigado do "braço armado", o soldado Josenilson Souza da Conceição, intermediava agiotagem para o grupo de "Binho Galinha". Não foi informada quanto, em reais, ele movimentou.
Com base nessas informações, a PM da Bahia abriu um Processo Administrativo Disciplinar contra o trio. O subtenente e os soldados foram afastados das funções e não podem usar farda ou arma pelos próximos 30 dias. Esse prazo pode ser prorrogado.
OPERAÇÃO
Segundo a Polícia Federal e Ministério Público da Bahia, Binho é líder de uma organização criminosa bem articulada envolvida com o "jogo do bicho". A operação para combater o grupo ocorreu no dia 7 de dezembro.
Além do parlamentar, mais 14 pessoas foram denunciadas. Bloqueio de bens chegou a R$ 200 milhões. Seis pessoas foram presas preventivamente e cumpridos 35 mandados de busca e apreensão, incluindo a casa e fazendas do deputado. Foram apreendidos documentos, pasta de cocaína, armas e munições.
A esposa de Binho, Mayana Cerqueira da Silva, foi presa na oportunidades. Além dela, também foram para atrás das grades João Guilherme e Jorge Piano, além dos PMs Jackson Júnior, Roque Carvalho e Josenilson Conceição.
A denúncia foi recebida pela Justiça, que determinou a pedido do MP o bloqueio das contas bancárias dos investigados e o sequestro de 26 imóveis urbanos e rurais, sendo dez fazendas, nove casas, quatro terrenos, dois apartamentos e uma sala comercial, quatorze veículos, além da suspensão de atividades econômicas de seis empresas.
O esquema de "jogo do bicho" comandado pelo deputado, segundo as apurações, tem relação com lavagem de dinheiro do jogo, agiotagem e receptação.