Um soldado da Polícia Militar, lotado na Companhia de Proteção Ambiental de Salvador, foi demitido da corporação suspeito de furtar bens de um motorista de aplicativo executado no bairro do Cabula, em Salvador. O crime aconteceu na Rua Silveira Martins, em fevereiro de 2017, e vitimou Ramiro Fernandes Teles da Rocha, que tinha 23 anos.
A decisão foi assinada pelo comandante-geral da PM, Paulo Coutinho, e publicada em Boletim da corporação no dia 8 de setembro, de acordo com fontes ouvidas pelo Portal do Casé. De acordo com a apuração da reportagem, além do soldado, outros três colegas dele também foram incluídos no processo.
O quarteto, que era lotado na 23ª Companhia Independente de Polícia Militar (CIPM/Tancredo Neves) na época do crime, chegou a ser acusado no Inquérito Policial Militar pelo assassinato de Ramiro, mas nada ficou provado. Os nomes dos acusados não foram informados.
A Corregedoria da PM entendeu que depoimentos inconsistentes de testemunhas e falta de laudos balísticos nas armas foram preponderantes para a retirada da acusação de homicídio. Havia a suspeita de que a viatura da 23ª Companhia perseguiu o motorista de aplicativo e, perto do 19º Batalhão de Guardas do Exército, um dos soldados atirou contra o trabalhador.
O soldado da COPPA foi demitido porque, ainda de acordo com as fontes ouvidas pelo Portal do Casé, foi encontrado na casa dele um PlayStation 3, que era de Ramiro. Durante o processo ficou provado, por meio de depoimentos, que o videogame pertencia ao motorista de aplicativo e estava no porta-malas do veículo dele no dia em que o crime aconteceu.
Os outros três policiais militares ficarão presos por 30 dias no Batalhão de Choque, em Lauro de Freitas. A Corregedoria da Corporação entendeu que se omitiram em relação ao furto praticado pelo colega, o demitido.
O que alegam os acusados? O quarteto nega o crime. Todos foram unânimes em dizer, no decorrer do processo, que foram acionados para atender a uma ocorrência de disparos de arma de fogo na Rua Silveira Martins. Ao encontrarem o carro da vítima, realizaram a abordagem e o rapaz não atendeu. O vidro dianteiro foi quebrado e Ramiro já estava morto.
Os PMs ainda negaram qualquer tipo de furto contra a vítima do homicídio.
ASSASSINATO
Era início do dia 28 de fevereiro de 2017, por volta da 1h, quando o motorista de aplicativo foi encontrado já ferido, dentro de seu veículo. Ramiro era considerado um homem de bem, trabalhador. Ele avisou à esposa, via WhatsApp, que faria a última corrida do dia antes de retornar para casa. Foi a última mensagem enviada por ele.
O corpo do rapaz foi enterrado no dia 1º de março, sob forte comoção. Na época, amigos, familiares e colegas de profissão chegaram a pedir mais segurança para a Secretaria da Segurança Pública.
Neste tipo de situação, além do Inquérito Policial Militar, cabe à Polícia Civil investigar o homicídio. O fato foi apurado pelo Departamento de Homicídios da área Central de Salvador, mas ninguém foi preso. O departamento chegou a fazer contatos com o serviço Uber para saber se Ramiro estava de serviço e, se estava, solicitou informações sobre roteiros.