O Portal do Casé obteve, com exclusividade, depoimentos que ajudam a Polícia Civil a elucidar a morte do motorista de aplicativo Elionaldo Cardoso Santos, de 34 anos. O principal suspeito do crime é o amigo da vítima, José Carneiro da Silva. Duas testemunhas que estavam no Sítio Las Vegas no domingo, 9 de junho, foram categóricas ao afirmar que, momentos antes da execução, Carneiro acusou Elionaldo de ter estuprado sua filha. Ele, porém, não confirmou.
As duas primeiras pessoas ouvidas pelo Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) estavam em uma festa na chácara, que havia sido alugada por um grupo. Os depoimentos foram enfáticos ao argumentar que, durante todo o dia, José Carneiro ficou no imóvel. Já durante a noite, um automóvel, modelo HB20, chegou ao local. A bordo, estava Elionaldo. Ele e José Carneiro tinham uma relação de amizade, que chegou a ser uma sociedade envolvendo o sítio.
Os nomes das testemunhas serão preservados, assim como detalhes que possam identificá-las.
Uma delas disse "que tudo correu normalmente durante todo o dia, sem confusões, entretanto, uma situação estava diferente: José Carneiro permaneceu no local desde o início da festa, comportamento que ele nunca teve nas demais festas; que, em verdade, ele permaneceu na casa, na lateral, sem perturbar a festa". Outro fato chamou a atenção da testemunha: a presença de outro rapaz, aparentemente um caseiro.
Ainda de acordo com essa testemunha, minutos após o HB20 estacionar na chácara, foi ouvida uma confusão e um homem sendo imobilizado por outros três rapazes. O homem imobilizado, reconheceu no outro dia o depoente, era Elionaldo. "Logo depois, Carneiro se aproximou das pessoas que estavam na festa e neste instante portava uma faca suja de sangue, expulsando todos os presentes da casa", contou.
ACUSAÇÃO DE ESTUPRO
As duas testemunhas ouviram José Carneiro acusar Elionaldo de estupro. "Carneiro se aproximou das pessoas que estavam na festa e neste instante portava uma faca suja de sangue, expulsando todos os presentes da casa [...] tendo o depoente, antes de sair e já com o som desligado, ouvido CARNEIRO gritar com o motorista imobilizado, dizendo: "VOCÊ É ESTUPRADOR E ESTUPROU MINHA FILHA", entretanto, a vítima nada respondeu, nem gritou e permaneceu no chão".
Perguntada se enxergou o motorista de aplicativo ser esfaqueado, a testemunha negou. "Que acredita que a facada tenha sido desferida enquanto o som estava ligado, dava para ver a confusão e a imobilização, mas não presenciou a facada e somente quando CARNEIRO veio e se aproximou mandando desligar o som foi que viu faca suja de sangue e ouviu quando ele o acusou de ser estuprador [...]".
A segunda testemunha também foi enfática ao falar sobre a possível motivação do crime. "Era umas 20h30 quando, do nada, Carneiro foi em direção ao grupo do depoente, acompanhado de três ou quatro homens, todos com duas facas, e Carneiro ainda portava uma arma de fogo [...] Carneiro dizia para eles saírem dali, que 'só queria matar o cara que teria estuprado a filha dele', que também chegou a ameaçar que não era para ninguém falar nada".
O DEPOIMENTO DE CARNEIRO
Durante seu depoimento, José Carneiro não deu a motivação do assassinato. Disse apenas que Elionaldo "apareceu na chácara por volta das 22 horas ou mais, quando havia uma festa já sendo finalizada, portanto, havia alguns convidados e beberam uma cerveja juntos, estando o interrogado em companhia de uma outra pessoa que prefere não declinar o nome, pois não tem qualquer envolvimento nesta situação e pouco tempo depois o interrogado e LEO iniciaram uma discussão".
"O motivo [da discussão] também se reserva ao direito de não falar por questões de fora intimo e que envolve sua família, agravado pelo fato de que ele lhe desferiu dois tapas pequenos no rosto, em tom de zombaria, de modo que em seguida entraram em luta corporal", contou José Carneiro. O acusado ainda alegou que brigou com Elionaldo, afastando o depoimento das testemunhas de que o motorista tinha sido imobilizado.
"O interrogado desferiu um soco no queixo de LEO, que o derrubou, e depois recebeu um chute na altura da cintura e socos na cabeça, tendo então corrido até uma mesa de madeira que fica no quiosque e pegou uma faca de cortar carne, e foi em direção a LEO; Que LEO conseguiu tomar a faca e ainda em luta lhe feriu nos braços, cotovelo e nas costas [...] como o interrogado ainda jovem fez artes marciais, 'deu uma gravata com as pernas na cintura de LEO' e lhe tomou a faca, tendo também conseguido lhe dar uma gravata no pescoço e passou a lhe desferir golpes nas costas na altura do coração, não se recordando quantos".
CORPO
Na segunda-feira, 10 de junho, a família de Elionaldo começou as buscas pelo rapaz. O carro dele foi achado na localidade conhecida como Pedra de Xangô, em Cajazeiras. Foi só no dia 13 que uma perícia foi realizada na chácara onde o crime aconteceu. No local, o Departamento de Polícia Técnica achou três swab de sangue, na entrada da casa e na parede. Algumas paredes, inclusive, tinham sido pintadas recentemente.
"Foram encontrados alguns pontos de lixos em diferentes espaços, queimados, e que segundo José Carneiro da Silva foram feitos pelo mesmo, e que se tratava de lixo acumulado", sustenta o relatório do Serviço de Investigação de Local de Crime. O corpo de Elionado foi achado na própria chácara, no final da noite de sexta-feira. Ele foi enterrado no domingo.