Rubens Souza Teles, 45 anos, ajudante de pedreiro. Esse homem está há sete dias atrás das grades por uma traição cometida por quem menos de espera: o próprio irmão. Essa história começa em 2020, quando Leonardo Souza Teles, conhecido como "Na Manteiga", foi preso após pelo menos dois assaltos nos bairros da Graça e Barra, em Salvador. Na delegacia, o rapaz deu o nome do irmão. Foi aí que tudo começou a desandar.
De acordo com a denúncia do Ministério Público, "Leonardo [RUBENS] cometeu os crimes em fevereiro de 2020, ao lado de um comparsa, Cléber de Jesus Silveira". No primeiro, a vítima disse que "foi surpreendida por Leonardo [RUBENS] que, em posse de arma de fogo, anunciou o assalto, subtraindo a carteira contendo diversos documentos pessoais e cartões bancários, além de R$ 150, bem como seu aparelho celular".
A segunda vítima foi uma mulher. O MP disse que ela, depois da ação, foi "à sua residência e passou a monitorar seu celular, localizando-o no Largo Dois de Julho. Que saiu para prestar queixa e, no caminho, encontrou uma guarnição da PM, tendo comunicado o roubo e a localização do seu celular. Ato contínuo, os policiais dirigiram-se até o local, juntamente com a companheira da vítima, e localizaram os acusados, em posse da res furtiva".
Na peça acusatória, é usado somente o nome de Rubens, por isso destacamos em letras garrafais no texto acima. Esses detalhes estão em uma sentença, assinada pela juíza Maria Fátima Monteiro Vilas Boas no dia 29 de julho de 2020. Por Leonardo ter informado o nome do irmão na delegacia, mesmo ele sendo reconhecido pelas vítimas, todo o processo ficou em nome de Rubens. É como se o ajudante de pedreiro tivesse cometido o crime.
Leonardo ficou preso e foi transferido para o regime semiaberto. Enquanto esteve atrás das grades, a própria Secretaria da Administração Penitenciária da Bahia identificou o problema. "O custodiado Rubens Souza Teles, após realização de exames, foi identificado como Leonardo Souza Teles, conhecido como 'Na Manteiga'", ponderou, em documento enviado por uma servidora do Conjunto Penal Masculino ao Tribunal de Justiça da Bahia, em 2020.
No último dia 11 de dezembro deste ano, após o processo tramitar mais de quatro anos, a ficha de Rubens caiu: ele foi preso enquanto trabalhava. Agora, o advogado dele, Antônio Jorge Júnior, pediu sua soltura e promete processar o estado.
