Laudos de DNA realizados na arma que matou a cigana Hyara Flor Santos, então com 14 anos, podem dar uma nova reviravolta no caso. Os estudos apontam que não foram encontradas amostras da criança de 9 anos indicada no inquérito como autora do disparo que matou a adolescente. O crime aconteceu no dia 9 de julho, dentro da casa onde a jovem morava com o marido, também adolescente, na cidade de Guaratinga, Sul da Bahia.
Para o trabalho, os profissionais - dois peritos farmacêuticos - receberam amostras de quatro pessoas: do sogro de Hyara; da mulher dele; e dos seus dois filhos, gêmeos. Os nomes dos envolvidos serão preservados. Um dos gêmeos é o apontado pela Polícia Civil como autor do disparo acidental. As chamadas "amostras" questionadas são os materiais genéticos encontrados na pistola, tanto no cabo quanto no corpo.
O primeiro laudo a levantar a informação foi enviado à família da vítima, que contratou o serviço particular, no início de dezembro. O documento afirma que "considerando o DNA dos cromossomos autossomos: das amostras de referência genotipadas nenhuma delas, seja feminina, seja masculina, foi compatível com o perfil de mistura encontrado nas amostras questionadas [na pistola, como um todo]".
Considerando o DNA de cromossomo Y, o laudo aponta ainda que "as amostras de referência foram compatíveis, todas elas, com o perfil encontrado nas amostras questionadas". Ou seja, na prática, parecer afirma que não foram encontrados DNA com as quatro pessoas analisadas. Os materiais genéticos do marido de Hyara - que chegou a ser apontado como o atirador - e da própria vítima não foram encaminhados para análise.
Fontes ligadas à família da cigana sustentam que outro laudo, esse emitido oficialmente pelo Departamento de Polícia Técnica da Bahia, também teria tido a mesma conclusão. Os próximos passos das apurações devem ser indicados pelo Tribunal de Justiça da Bahia.
CRIME E INQUÉRITO
Era tarde do último dia 7 de julho quando a menina foi ferida no queixo por pelo menos um tiro. Ela chegou a ser socorrida, mas não resistiu. A morte da cigana Hyara Flor Santos Alves, de 14 anos, abalou a pequena cidade de Guaratinga. A família dela acusou o marido pelo crime.
Depois do crime, o jovem, o pai dele e outro rapaz saíram da cidade e não foram mais vistos. O então suspeito foi apreendido no dia 26 de julho, na cidade de Vila Velha, Espírito Santo. Ele, porém, foi liberado após inquérito da Polícia Civil dizer que foi a criança de 9 anos a responsável pelo disparo que matou a menina.
Segundo as apurações, vítima e atirador brincavam no quarto quando o acidente ocorreu. Para chegar a esta conclusão, a Polícia Civil da Bahia disse na época foram analisados laudos periciais, realizadas oitivas de 16 pessoas, entre elas, duas crianças que prestaram depoimento especial com a presença de promotor de Justiça da Promotoria da Infância e da Juventude do Ministério Público da Bahia.
O inquérito policial foi encaminhado para o Poder Judiciário, com o indiciamento de duas pessoas. A sogra de Hyara Flor foi indiciada por homicídio culposo e porte ilegal de arma de fogo, considerando que a pistola utilizada no crime pertencia a ela. O tio da vítima foi indiciado por disparo de arma de fogo, referente a tiros deflagrados contra a residência do casal de adolescentes.
Parentes de Hyara contesta a versão oficial. De acordo com fontes ligadas à família, uma mulher da família do marido teria traído o seu marido com um rapaz da família da adolescente.