Uma lavradora de 64 anos, Maria Lima Dias, está presa na Delegacia Territorial de Mairi, Centro-Norte da Bahia, acusada de facilitar a fuga do próprio filho da carceragem. O problema é que, segundo família e amigos, a prisão teria sido realizada de forma ilegal, como se fosse "moeda de troca", para que o filho dela se entregue.
Martiniel Dias Silva estava preso por tráfico de drogas. A informação foi confirmada pela advogada da família, Maria Mariana Oliveira. "O filho de dona Maria foi preso, sob alegação de que estava sendo investigado por homicídio. Porém, ele foi localizado com arma e drogas. Foi realizada a audiência de custódia e decretada a prisão preventiva. O juiz entendeu que ele deveria ficar preso, para a garantia da ordem pública, e fosse encaminhado para o presídio de Irecê [...]", relatou a advogada.
Na madrugada da última quarta-feira (31), Martiniel - que já respondeu pelo crime semelhante ao de homicídio quando ainda era adolescente - serrou o cadeado da carceragem e fugiu, com outro rapaz. Horas depois, a lavradora foi presa em casa, por dois policiais civis.
"Como ele fugiu, o delegado compareceu na casa de dona Maria, às 5h, e deu voz de prisão sob alegação de que ela teria levado a serra, sendo que diversas outras pessoas levam pertences. Lá, só não é feita a revista íntima. Ele querer insinuar que uma mulher levou uma serra nas partes íntimas, uma senhora hipertensa que toma alprazolam, isso é absurdo", relatou a advogada.
A lavradora esteve na delegacia momentos antes da fuga. "Até sair a ordem de transferência, o preso fica na Delegacia Territorial de Mairi. A mãe dele e esposa [de Martiniel], assim como as de outros presos, foram realizar visita e levaram pertences permitidos, revistados pelos policiais", contou Mariana Oliveira.
Procurada pela reportagem do Portal do Casé, a Polícia Civil da Bahia sustentou, por meio de nota, que a idosa está presa por facilitar a fuga de dois custodiados. “Informações preliminares apontaram que ela teria levado duas serras para um dos custodiados fugir”. Um carcereiro também está sendo investigado. A corporação garantiu que ela aguarda audiência de custódia, mas a advogada relata o contrário.
"Isso é um sequestro mascarado de voz de prisão. Ele [delegado] está mantendo em cárcere uma pessoa para que o filho dela se entregue. Ele não vai falar com essas palavras. Ser mãe de criminoso não é crime. Ela foi presa no dia 31. A lei estabelece que a comunicação deve ser feita à Justiça. Até agora, 1ª de fevereiro, não foi comunicado ao juízo", concluiu.