O Tribunal de Justiça da Bahia liberou da prisão o capitão da Polícia Militar Mauro das Neves Grunfeld. Ele foi um dos alvos da "Operação Fogo Amigo", deflagrada no mês de maio, para combater uma organização especializada em vender armas e munições ilegais para facções criminosas da Bahia, Pernambuco e Alagoas. Dos presos na época, 11 foram militares - incluindo Mauro e outro oficial, aposentado, da PM da Bahia -.
A decisão foi assinada na última quarta-feira (17) pelo juiz Eduardo Ferreira Padilha, após pedido da defesa do capitão, comandada pelo advogado Antônio Jorge Júnior. O magistrado entendeu que Mauro "não detinha no grupo qualquer papel de liderança [na organização criminosa], sendo passível de responder ao processo em liberdade em virtude da ausência de qualquer outro antecedente criminal".
"Com relação ao citado acusado, embora pairem indícios do envolvimento do mesmo no comércio ilegal de armas, não há elementos que façam crer que exerça posição de destaque ou chefia na suposta organização, sendo primário e de bons antecedentes, sendo certo ainda que, em liberdade, ao que parece, não oferece risco à instrução processual, notadamente quando as provas aqui apuradas decorreram, em sua maioria, de investigações prévias conduzidas pela Polícia Federal", reforçou Padilha.
Mauro, que chegou a ser subcomandante da 41ª Companhia Independente (CIPM/Federação), porém, deverá seguir uma série de regras, entre elas: não alterar o endereço sem comunicação prévia ao Juízo; comparecer a todos os atos processuais; não se ausentar da comarca de sua residência, sem prévia comunicação. Além disso, ele está proibido de manter contato com qualquer pessoa vinculada aos fatos objeto da investigação.
FOGO AMIGO
Conforme a Polícia Federal, foram cumpridos 20 mandados de prisão e 33 de busca a apreensão contra policiais militares da Bahia e Pernambuco, CACs e lojistas por suspeita de integrarem uma organização especializada em vender AS armas e munições ilegais. Os investigados respondem pelos crimes de organização criminosa, comercialização ilegal de armas e munições, lavagem de dinheiro e falsidade ideológica, com penas somadas que podem chegar a 35 anos de reclusão.
Além de Mauro, foram presos o capitão aposentado Gisnaac Santos de Oliveira; os soldados Bruno da Silva Lemos; Gleydson Calado do Nascimento; Isaac Junior Santos de Oliveira; e Almir Sales dos Santos Júnior. O ex-policial militar Jair Faria da Hora também foi preso.
Completam a lista dos investigados: Igor Endel Moreira da Silva, Jhonnatan Wallas Reis Alves, Werisson Damasceno Conceição, Queila Cristina Cardoso de Oliveira, Robson de Jesus Santos, Felipe Gomes Tavares, Andrei Dias de Oliveira, Josenildo de Sousa Silva, Diego do Carmo dos Santos, Fábio Nascimento Figueiredo, Marcos Vinicius Santos Barbosa, Eliomar de Oliveira da Cruz e Eraldo Luiz Rodrigues.