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Mortes de PMs no Iapi: alvo de ação foi liberado em audiência de custódia dias antes por não apresentar risco à sociedade

Data:
Jean Mendes

Kaique Nascimento dos Santos havia sido preso com um carro que tinha restrição de roubo.

Mortes de PMs no Iapi: alvo de ação foi liberado em audiência de custódia dias antes por não apresentar risco à sociedade
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Kaique Nascimento dos Santos, o homem responsável pela situação que deixou mortos os policiais militares Marcelo Santana e Anderson Souza Santana, no bairro do Iapi, em Salvador, havia sido liberado em uma audiência de custódia 12 dias antes do crime. A informação foi apurada pelo Portal do Casé, nesta sexta-feira (29).

Marcelo e Anderson não resistiram. Foto: redes sociais

Documento obtido pela reportagem aponta que, no dia 13 de setembro, Kaique foi preso em flagrante no Subúrbio de Salvador por policiais militares com um carro de luxo, modelo Toro, com placas clonadas. O automóvel original tinha restrição de roubo. O rapaz, na oportunidade, estava com outra pessoa no automóvel, um adolescente de 17 anos.

Kaique foi autuado por receptação. "Verifica-se nos autos pelos depoimentos dos policiais que conduziram o flagranteado, e pelo auto de exibição e apreensão, que foram arrecadadas provas contundentes da materialidade e autoria, sendo essas suficientes para atestar a legalidade da prisão em flagrante", escreveu a juíza Marcela Moura Pamponet.

A magistrada ainda sustentou que o Ministério Público da Bahia solicitou a conversão da prisão em flagrante em liberdade provisória do acusado por que ele não colocaria, necessariamente, a sociedade em perigo.

"O MP entende que os requisitos da prisão preventiva não se fazem presentes, não havendo indícios de que, em liberdade, o flagranteado necessariamente voltará a violar a ordem pública, prejudicará a instrução criminal ou se furtará à aplicação da lei penal, como também não remanesceu evidenciado o perigo gerado pelo estado de liberdade do custodiado".

A juíza entendeu que Kaique deveria ficar com tornozeleira eletrônica. "Assim, não havendo pedido de prisão preventiva pela Autoridade Policial e considerado, principalmente, o expresso pronunciamento ministerial, configuraria constrangimento ilegal mantê-lo sob custódia, restando apenas a análise das condições da concessão da Liberdade Provisória ao Flagranteado", resumiu.

CRIME

De acordo com a Polícia Militar da Bahia, um mal entendido levou os policiais Marcelo e Anderson dispararem um contra o outro, num bar do bairro do Iapi.

A ocorrência começou por volta das 19h30. Uma viatura despadronizada, com policiais militares pertencentes ao Batalhão Gêmeos, monitorava roubos a coletivos na região da Av. San Martim. A guarnição suspeitou de um veículo, de cor branca, e passou seguir o mesmo por outros bairros e solicitou apoio de uma unidade padronizada para realizar a abordagem.

Ao perceber a proximidade da polícia, o motorista, que estava sendo vítima de assalto, colidiu no fundo de um ônibus na ladeira do Iapi. Nesse momento, dois homens desceram do carro e fugiram para direções distintas. Um desses rapazes era Kaique, que correu para um bar. Ele foi perseguido por Marcelo, à paisana, a bordo de uma motocicleta.

Foi no bar que estava o soldado da PM Anderson Souza Santana, no seu dia de folga. Ao avistar o colega de farda, porém, à paisana e armado, descendo de uma moto e mandando o suspeito se render, ele teria deduzido se tratar de um assalto. Nesse momento Anderson teria sacado a arma e aconteceu nova troca de tiros, resultando nas três mortes. 

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