A investigação do Ministério Público de São Paulo (MPSP), que resultou na prisão temporária de Sidney Oliveira, dono da Ultrafarma, e de Mário Otávio Gomes, diretor da Fast Shop, aponta o possível envolvimento de quatro grandes empresas em um esquema de corrupção que pode ter movimentado mais de R$ 1 bilhão em propina.
Estão citadas nos relatórios da Operação Ícaro a rede de supermercados Oxxo, a varejista Kalunga, a Rede 28 de postos de combustíveis e a Allmix Distribuidora, de Cotia (SP). Embora mencionadas, essas empresas não foram alvos de mandados de busca nesta fase da operação.
O esquema seria liderado por Artur Gomes da Silva Neto, auditor fiscal da Secretaria da Fazenda de SP, também preso hoje. Ele teria manipulado processos administrativos para facilitar a quitação de créditos tributários em troca de pagamentos feitos por meio da empresa Smart Tax, registrada em nome de sua mãe.
Segundo os promotores do Gedec (Grupo de Atuação Especial de Repressão à Formação de Cartel e à Lavagem de Dinheiro), e-mails e documentos apreendidos indicam que o auditor mantinha relações com várias empresas para facilitar demandas fiscais, como ressarcimento de ICMS-ST.
Um dos e-mails cita a recusa de arquivos enviados pela Kalunga, o que, segundo o MP, sugere envolvimento da empresa. Já em relação à rede Oxxo, promotores apontam mensagens entre o jurídico da empresa e Agnaldo de Campos, contador da Smart Tax e apontado como “testa de ferro” de Artur.
Os investigadores destacam que Artur teria até o certificado digital da Ultrafarma instalado em seu computador, o que indicaria que ele próprio realizava requerimentos fiscais em nome da empresa. Situação semelhante foi relatada sobre a Rede 28, com envolvimento do ex-auditor Alberto Murakami, citado como parceiro do esquema.
A Fast Shop informou que ainda não teve acesso ao conteúdo da investigação e que está colaborando com o fornecimento de informações às autoridades.