Um guarda civil municipal de Santaluz, no Nordeste da Bahia, foi preso pela Polícia Civil nesta quarta-feira (30) por suspeita do assassinato de Marcelo da Silva Santos. O caso aconteceu no último dia 20 de julho, durante festa em comemoração ao aniversário da cidade. Gilmar Santos de Matos estava trabalhando quando agrediu, a golpes de cassetete, a vítima. O homem morreu quatro dias depois.
A prisão preventiva de Gilmar foi assinada pelo titular da comarca de Santaluz, Joel Firmino Júnior. Para embasar a decisão, o magistrado levou em consideração, entre vários pontos: "lesões compatíveis com agressão física e evolução para óbito, bem como certidão e declaração de óbito e boletim de ocorrência que registra a morte da vítima em decorrência de agressão física".
Depoimentos de testemunhas à Polícia Civil também foram determinantes para o deferimento da prisão. Todas foram enfáticas ao afirmar que viram Gilmar dando os golpes contra Marcelo.
Para o juiz, a prisão do GCM foi importante por conta da gravidade do crime. "Justifica a custódia preventiva para garantia da ordem pública. Verifica-se o uso de instrumento contundente por agente público contra civil desarmado, em local público durante evento festivo, com resultado morte, demonstrando extrema violência empregada. Há relatos de que a vítima continuou sendo agredida mesmo após estar caída ao solo", pontuou.
Outro ponto que o magistrado levou em conta foi a suposta reincidência do guarda municipal. Isso porque ele, segundo decisão do Tribunal de Justiça da Bahia, "é acusado de agredir também outro jovem, inclusive com pancadas na região da cabeça e rosto, resultando desmaio e ferimentos sérios, ensejando igualmente o ingresso de uma ação de indenização contra o município pelos mesmos fatos".
Até a manhã desta quarta-feira, a defesa de Gilmar não tinha se manifestado sobre a prisão. O espaço está aberto.
E OS OUTROS?
Uma imagem gravada por testemunhas no momento em que Marcelo leva as cassetadas mostra que uma guarnição está passando ao lado de um trio elétrico. Em poucos segundos, é possível ver a vítima recebendo golpes. No mesmo momento, latinhas são jogadas em direção aos agentes. As imagens mostram que a guarnição em que Gilmar está é composta por pelo menos outros quatro agentes.
A Polícia Civil e Ministério Público chegaram a pedir a prisão de outro GCM. O juiz negou porque não viu indícios de autoria. "Apenas o próprio Gilmar, em sua defesa, atribuiu a autoria a R.S de O, embora não encontre respaldo nos demais elementos probatórios existentes nos autos".
Na última quinta-feira, o prefeito de Santaluz, Arismário Barbosa Júnior (Avante), abriu Processo Administrativo Disciplinar (PAD) contra Gilmar e mais quatro guardas - três homens e uma mulher - envolvidos no caso. De acordo com o texto, foi configurado, "em tese, uso indevido da força, durante atuação no evento 'Santaluz Fest', ocorrido na noite de 20 para 21 de julho de 2025".
Segundo o PAD, "nas imagens é possível visualizar a atuação de agentes da GCM de Santaluz agindo em meio a uma confusão generalizada, sendo apontado por populares, nas redes sociais e matérias em sites, que um folião teria sido hospitalizado em decorrência da intervenção dos Agentes".
Uma comissão, que tem até 60 dias para finalizar o inquérito, será a responsável pela apuração do caso. Vale lembrar que o Processo Administrativo é diferente do criminal, comandado nesse momento pela Polícia Civil.
