Ramon de Jesus Guedes, o homem acusado de matar a esposa a marteladas na frente das filhas de 12 e cinco anos, disse à Justiça que uma crise de ciúmes motivou o assassinato. O crime aconteceu na noite de terça-feira (19), no apartamento onde a família morava, no bairro do Caji, em Lauro de Freitas. Na quinta-feira (21), o Tribunal de Justiça da Bahia converteu a prisão do criminoso de flagrante em preventiva.
Ao juiz, Ramon afirmou que convivia com Laina Santana Costa Guedes há 16 anos. Há nove meses, o casal se separou, mas em seguida reatou a relação, que já era conturbada. O suspeito alegou estar passando por dificuldades financeiras, com problemas psicológicos.
Na audiência de custódia, Ramon detalhou as horas que antecederam o assassinato. "Relata que, na noite anterior ao fato, houve discussões e ofensas mútuas, seguidas de relação íntima. Na manhã seguinte, Laina lhe disse que tivera um 'namoro sem contato', o que gerou questionamentos. Nisto, assim, ambos saíram para trabalhar", pontuou o documento da audiência de custódia.
Ao juiz, o acusado disse ainda que teve uma crise de ciúmes ao retornar para o apartamento da família antes do horário normal. "Informa que retornou mais cedo para casa, por não se sentir em condições de trabalhar, e, ao chegar ao condomínio, teria visto a companheira passando em um veículo com outra pessoa, acreditando que estava sendo traído, o que afetou ainda mais o seu psicológico", ponderou.
"Ao chegar à residência, discutiu novamente com Laina. Ao perceber uma viatura da PM no local, questionou a companheira, que afirmou estar sendo vítima de violência psicológica. Disse então que pretendia deixar a residência e ser impedido por Laina. Como queria ir embora de qualquer jeito, pois não suportava mais estar ali, momento em que perdeu o controle e desferiu golpes com a marreta contra ela", relembrou.
Testemunhas gravaram parte da cena. Do térreo, viram o suspeito arrastar a vítima para a sacada e desferir os golpes. Depois do crime, o homem tentou fugir pulando do imóvel, mas acabou imobilizado e preso pela Polícia Militar.
Ramon ainda relatou em juízo que saiu pela janela do apartamento, que fica no quarto andar, ao ver a movimentação de vizinhos. "Desistiu e pensou em se jogar da varanda do apartamento com intenção de tirar a própria vida. Foi dissuadido por uma pessoa, mas, ao tentar descer, acabou caindo e sofrendo lesões. Afirma não se recordar dos momentos posteriores, apenas quando já estava sendo socorrido pela equipe do SAMU".
O juiz Maurício Albagli Oliveira perguntou a Ramon se ele viu Laina morta. O criminoso respondeu que viu a companheira desmaiada. Ao ser questionado se estava arrependido, o homem reafirmou a crença de que a mulher estava apenas desmaiada naquele momento.
"Diante da gravidade concreta do delito, da extrema violência e brutalidade, (...) as medidas cautelares alternativas a prisão preventiva não se revelam suficientes, adequadas e proporcionais a gravidade concreta do fato praticado pelo flagranteado, cometido com modus operandi violento e cruel (...)", escreveu o magistrado na decisão. Agora, Ramon vai para o complexo da Mata Escura.
