A Polícia Civil da Bahia mostrou à Justiça que o empresário do ramo de ferro-velho Marcelo Batista da Silva teve "evidente risco de fuga e destruição de provas". É o que mostra documento obtido pela reportagem do Portal do Casé, que embasou um pedido de prisão. O homem é considerado foragido por conta do desaparecimento dos seus próprios funcionários, Paulo Daniel Pereira Gentil do Nascimento, de 24 anos, e Matusalém Silva Muniz, 25.
O sumiço foi comunicado ao Departamento de Proteção à Pessoa em 4 de novembro. Quatro dias depois, o Tribunal de Justiça autorizou buscas nos endereços residencial e comercial do empresário. Marcelo mora em um apartamento duplex, no 17º andar de um condomínio de luxo no bairro de Pituaçu, em Salvador. A firma dele, Prometais, funciona em Pirajá. Nos dois endereços, a polícia encontrou vestígios de fuga e ocultação de provas.
Na terça-feira (12), segundo a TV Bahia, um automóvel de luxo que seria de Marcelo foi encontrado em uma concessionária de Lauro de Freitas. Um homem teria deixado o veículo no local para trocar o estofado. Uma perícia será realizada para saber se era sangue.
A CASA DO SUSPEITO
No imóvel residencial, a Polícia Civil viu estado de abandono, com três características bem evidentes: roupas espalhadas pelo quarto; geladeira com odor fétido; e gavetas vazias, sugerindo que o morador saiu às pressas.
Os investigadores descobrem que o dono da Prometais esteve no residencial na manhã do dia 4 - mesma data do desaparecimento de Paulo Daniel e Matusalém -. Imagens de câmeras de segurança mostram o suspeito com uma camisa de cor rosa, segurando um celular. O comportamento dele, porém, chama a atenção dos policiais: "sugere que poderia estar organizando ações relacionadas aos fatos investigados", descrevem.
No mesmo dia, Marcelo Batista da Silva sai do condomínio a bordo de seu carro, da marca Land Rover, de cor branca. Horas depois, já no dia 5 de novembro, segundo relatório da Polícia Civil, o morador autoriza a entrada de um casal ao seu apartamento. Os dois chegam ao condomínio em quatro horários naquele dia: 9h04 e 9h46 - entrada da mulher; e 15h01 e 18h07 - chegada do homem. Ambos já foram identificados.
Chama a atenção dos policiais mais um detalhe: no penúltimo horário, das 15h01, o homem autorizado por Marcelo leva outros dois rapazes ao endereço. Os três são flagrados no elevador social do prédio, subindo para o apartamento do investigado. Às 15h09, os mesmos são captados na imagem deixando a unidade de Marcelo, desta vez carregando uma mala, de cor preta. Os três entram em um automóvel e vão embora.
A SEDE DA PROMETAIS
Na empresa de Marcelo, onde familiares acreditam que Paulo e Matusalém tenham sido executados, a Polícia Civil acha vestígios de sangue dentro de um lixo. Além disso, o sistema de câmeras de segurança, com mais de 50 equipamentos que monitoravam todo o imóvel, já estava destruído. "Cabe destacar que praticamente todo o monitoramento foi inutilizado, e possivelmente continha imagens da TORTURA e EXECUÇÃO das vítimas", dizem os policiais.
Outro fato chama a atenção. De acordo com o reportado pela Polícia Civil, na manhã do dia 8, "um homem foi flagrado na porta da Prometais repassando as chaves do galpão onde o crime teria ocorrido para um caminhoneiro, orientando que o mesmo entrasse e retirasse um dado material do interior do local". Para os investigadores, "o investigado vem tentando, a qualquer custo, apagar todas as evidências que possam levar ao desfecho do caso".