A Organização Meteorológica Mundial (OMM) anunciou nesta terça-feira (19), que o ano de 2023 foi o mais quente já registrado em 174 anos, desencadeando impactos que solidificam a mudança climática como "o desafio central da humanidade".
O chefe de monitoramento climático da OMM, Omar Baddour, alertou que há uma alta probabilidade de que 2024 supere novamente o recorde estabelecido em 2023.
Durante a apresentação do relatório climático de 2023, a secretária-geral da OMM, Celeste Saulo, ressaltou que a temperatura média global foi 1,45 graus Celsius acima da média da era pré-industrial (1850-1900), sendo 12% superior ao recorde anterior estabelecido em 2016, quando o aumento médio foi de 1,29 graus Celsius.
"É como se a Terra estivesse clamando por ajuda", comentou o secretário-geral da ONU, António Guterres, destacando que o relatório da OMM retrata um planeta à beira do precipício.
O relatório da agência meteorológica das Nações Unidas também observa que as ondas de calor marinhas afetaram em média um terço dos oceanos diariamente - em comparação, em 2016, a área afetada em média foi de 23%.
Além disso, em fevereiro de 2023, foi registrado um mínimo histórico na extensão do gelo marinho antártico, juntamente com as maiores perdas de gelo nos glaciares desde que começaram a ser medidas no meio do século XX.
A extensão do gelo marinho da Antártida foi “de longe a mais baixa de que há registro”, com a extensão máxima no final do inverno situando-se 1 milhão de quilômetros quadrados abaixo do ano recorde anterior — o tamanho da França e da Alemanha juntas.
Os glaciares sofreram a maior perda de gelo de que há registro, devido ao “degelo extremo” no oeste da América do Norte e na Europa.
Os autores também destacaram o aumento frequente de eventos climáticos extremos, incluindo ondas de calor, inundações, secas, incêndios florestais e a intensificação dos ciclones tropicais. Estes eventos causaram "sofrimento e caos, perturbando a rotina diária de milhões de pessoas e resultando em perdas econômicas de bilhões de dólares".
Entre os eventos extremos mencionados, estão as inundações no Mediterrâneo, com um impacto particularmente significativo na Líbia, e ciclones de duração sem precedentes, como o Freddy, que afetou especialmente o sudeste da África.
No Canadá, os incêndios florestais devastaram uma área de 14,9 milhões de hectares, sete vezes mais do que a média dos anos anteriores. Além disso, os Estados Unidos testemunharam os incêndios mais mortíferos registrados na história do arquipélago do Havaí, resultando em pelo menos uma centena de vítimas.