Yumi Arakawa, de 16 anos, fez história ao se tornar a primeira aluna baiana a chegar à etapa nacional da Olimpíada Brasileira de Informática (OBI), uma das mais prestigiadas competições científicas do país, organizada pela Unicamp há 27 anos. A conquista a destacou em um cenário predominantemente masculino.
A adolescente, estudante do 1º ano do ensino médio da Pan American School of Bahia (PASB), em Salvador, não se considera uma gênia da computação, ou que possua um talento natural fora do comum. Atribui a conquista à prática diária e preparação consistente.
“Meu primeiro contato com programação foi no sexto ano, e eu me apaixonei. No nono, escolhi Ciência da Computação como eletiva e entrei no Clube da OBI. Desde então, estabeleci o hábito de resolver ao menos um problema de programação por dia", explica.
Ela admite os desafios, como gerenciar o tempo, mas descreve a programação como um hobby: "Estudo porque gosto de verdade”, compartilha Yumi que, devido ao feito de estar na OBI, já recebeu convite da Universidade Católica de Salvador (UCSal) para ingressar no curso de Engenharia de Software com bolsa de 60%. Yumi conta que descobriu na hora da prova, através da coordenadora de avaliação, que era a primeira baiana a chegar tão longe na competição.
“Claro que senti essa responsabilidade, mas também sei que minha trajetória pode abrir novas portas para outras meninas”, conta. Sobre a etapa nacional, cujo resultado será divulgado no próximo dia 15 de outubro afirma: “Foi a prova mais difícil até agora. Mas já me sinto orgulhosa de ter chegado tão longe e continuo determinada a estudar e participar de outras competições”.
Sob a orientação da professora de Ciências da Computação, Gracielle Dias, responsável pelo Clube da OBI da escola, iniciativas como aulas de programação e projetos de robótica já vêm quebrando barreiras de gênero. “Ter uma mulher à frente das atividades foi um passo inicial importante para incentivar a adesão de mais alunas. Ao me verem na sala de aula, elas se inspiram! Hoje, dos 15 inscritos no Clube, três são meninas. Um número tímido, mas seguimos trabalhando para trazer mais meninas para competições como essa, sempre deixando claro que, se assim desejarem, elas também pertencem à área de ciência da computação, tecnologia, engenharia e matemática”, enfatiza Gracielle.