Cientistas da Universidade de Alcalá, em Madrid, na Espanha, alegam ter descoberto o primeiro caso de síndrome de Down em neandertais. A equipe analisou um pequeno fragmento craniano de uma criança de seis anos chamada 'Tina', que viveu há mais de 1.450 mil anos, descobrindo que o fóssil tinha características consistentes em crianças com a doença genética.
A análise mostrou que Tina sofria de uma patologia congênita no ouvido interno que pode estar ligada ao distúrbio genético e provavelmente causava perda auditiva grave e vertigem incapacitante.
A descoberta sugeriu que os Neandertais eram capazes de fornecer cuidados altruístas e apoio a um membro vulnerável do seu grupo social, uma vez que a criança sobreviveu anos após o nascimento.
“Até agora, só era possível diagnosticar a síndrome de Down em espécimes fósseis através da análise de DNA antigo. No nosso trabalho conseguimos diagnosticá-lo através de um estudo anatômico do ouvido interno. Isto abre a possibilidade de estudar a presença potencial da síndrome de Down em espécimes fósseis e, assim, poder documentar a sua prevalência em populações passadas”, afirma Mercedes Conde-Valverde, professora da Universidade de Alcalá e principal autora do estudo.
Os pesquisadores usaram tomografia microcomputadorizada no fóssil, uma técnica de imagem 3D que utiliza raios X para ver o interior de um objeto, fatia por fatia. A varredura digital mostrou uma combinação de anormalidades no ouvido interno consistentes com síndrome de Down.
Segundo os pesquisadores, devido a patologia, era improvável que a mãe da criança sozinha pudesse ter prestado todos os cuidados necessários e, ao mesmo tempo, atender às suas próprias necessidades, precisando ser auxiliada por outras pessoas.
A varredura foi comparada a outra orelha digital de Neandertal de uma criança da mesma idade, mostrando uma diferença em relação à de Tina.
Os pesquisadores também identificaram malformação no canal semicircular lateral, que pesquisas anteriores consideraram comum em indivíduos com síndrome de Down.