O premiado espetáculo baiano "Rosas Negras", protagonizado pela atriz Fabíola Nansurê, realiza a sua estreia internacional durante uma temporada em Portugal, entre o dia 25 de outubro e 03 de novembro. O projeto vai passar pelas cidades de Lisboa, Portimão, Loulé e Faro, com destaque para a participação no Festival "Brasil no Chapitô", sendo o único representante baiano.
O projeto de internacionalização Rosas Negras é um marco na carreira da artista e reflete a força da cultura afro-brasileira, mostrando uma narrativa, intensa, provocativa e acolhedora acerca do cotidiano de mulheres negras.
O espetáculo já circulou por diversos palcos do Brasil, como o Teatro Ruth de Souza (RJ) e Teatros de Salvador (BA) e São Paulo (SP). Sua última temporada aconteceu em terreiros de candomblé da Bahia, homenageando o espaço onde a peça nasceu, no terreiro e ponto de cultura Ilê Axé Oyá L'adê Inan, em Alagoinhas (BA)
A atriz Fabíola Nansurê ressalta que a internacionalização do espetáculo "Rosas Negras" representa mais do que a expansão geográfica de sua arte, é a concretização de um sonho e uma reafirmação de sua trajetória. O solo cênico, que nasceu em um terreiro de candomblé na Bahia, aborda as vivências de mulheres negras e a construção de suas identidades, promovendo um diálogo sobre autoestima, ancestralidade e resistência.
“Essa circulação é um voo alto, um passo importante para levar nossa arte, nossas histórias e nosso legado para o mundo”, afirma Fabíola.
Segundo Ominjarê, produtor artístico do projeto, esse é um momento crucial na trajetória do espetáculo para dialogar com um público cada vez maior e diverso.
“Estamos furando uma bolha de muitos anos, onde atrizes negras não tinham oportunidade de sair da Bahia, imagine se apresentar fora do país. Isso também é muito importante para o fortalecimento da cadeia teatral baiana. Vamos poder falar com pessoas de outros países que precisam conhecer as verdades que temos a dizer com esse trabalho, que há 7 anos movimentamos com diversas ações”, disse.
O projeto não se limita apenas às apresentações, mas também integra atividades formativas, oficinas e diálogos com o público local, sobre os temas abordados no espetáculo, promovendo uma troca cultural enriquecedora entre os países ibéricos e os PALOP (Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa).
Para Guto Martins, diretor teatral brasileiro radicado em Portugal e um dos produtores do projeto em solo português, receber "Rosas Negras" é um marco significativo.
“Para nós, imigrantes, aqui em Portugal, que trabalhamos com a cultura, é um presente imenso e uma honra receber um espetáculo que dialoga com o feminino e a negritude, como temas determinantes que carregam um lugar de reparação histórica e mensagem de alerta, força e amor”, comentou.
O projeto tem apoio financeiro do Governo do Estado, através do Fundo de Cultura, Secretaria da Fazenda e Secretaria de Cultura da Bahia.
Sobre o espetáculo
Trazendo uma atmosfera provocativa, intensa e ao mesmo tempo acolhedora, o espetáculo apresenta as dificuldades, lutas, vitórias e desafios presentes no cotidiano de mulheres negras, a partir da afirmação da sua autoestima.
A intérprete-criadora, Fabíola Nansurê parte de sua pesquisa com mulheres negras de diferentes idades e áreas de atuação para a construção da narrativa que traz histórias de anônimas e famosas que se destacaram na luta contra o racismo e a violência contra a mulher.
“A intenção vai além de se posicionar perante as dores da mulher preta, que são muitas, nós celebramos a sua existência e abrimos um canal de diálogo”, afirma Fabíola.
“Rosas Negras” tem dramaturgia de Onisajé, direção de Diana Ramos e direção musical de Jarbas Bittencourt. Foi premiado nas categorias de Melhor Espetáculo e Melhor Dramaturgia no 2° Festival de Teatro Online em Tempo Real do Rio de Janeiro em 2021, indicado ao Prêmio Braskem de Teatro na categoria “Espetáculo do Interior” no mesmo ano e ganhador do 1º Prêmio Pretas Potências.