O publicitário Sidônio Palmeira, responsável pela campanha vitoriosa de Lula em 2022, disse que o debate político está se resumindo ao "não conteúdo" e sendo derrotado pelo meme. O baiano foi entrevistado pelo jornalista Casemiro Neto, no programa Bom Dia Bahia, da TV Aratu. Sidônio apresentou seu livro "Brasil da Esperança", que mostra como foi a última campanha presidencial. A obra foi lançada em Brasília, com a presença do próprio presidente.
"Foram as eleições mais importantes da história do país, porque a gente estava enfrentando a extrema-direita", considerou o marqueteiro. Na entrevista, falou dos desafios em campanhas. "A mentira é muito mais interessante que é verdade. Ela é criativa e desafia a lógica. A verdade não passa de uma mera constatação da realidade. A mentira ela fere a ética, causa dores e pode causar até morte [...] Para trabalhar com a realidade, mostrar que um candidato é verdadeiro, é mais difícil".
"A fake News engaja. Nas redes sociais, a gente tem que ver o que engaja. Tem duas coisas que engaja e são perigosas: uma é a fake News. Você está trabalhando com a mentira. Ela é interessante, então as pessoas criam isso. A outra coisa é o ódio. O país, durante a pandemia, foi contaminado pelo ódio. E o ódio engaja. Se você chegar e dizer: 'amo minha mulher', terá uns corações de uns amigos. Se você chegar e falar 'detesto minha mulher', você fica conhecido no Brasil inteiro", exemplificou.
Para ilustrar o pensamento sobre o que chamou de "não conteúdo" do debate político, trouxe o caso de José Datena (PSDB), candidato a prefeito de São Paulo que agrediu o adversário, Pablo Marçal (PRTB). "Essa cadeirada, todo mundo está sabendo, porque tem um instrumento novo. É uma violência e tem consequência. O debate está se resumindo não ao conteúdo. A pessoa vai para um debate para ver conteúdo. O que está acontecendo em São Paulo? Provocações", ponderou Sidônio Palmeira.
Para ele, os memes também reforçam essa teoria. "Tem um problema que está acontecendo no mundo e também no Brasil: o meme. Não sou contra o meme. Acho que é interessante na publicidade. O meme está derrotando o debate político, de conteúdo, inclusive no Congresso. No Dia Internacional da Mulher, há dois anos, ao invés de a maior notícia ser a luta das mulheres pela igualdade e direitos, terminou aparecendo um deputado que colocou uma peruca na cabeça", finalizou.