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Vinhos em Harmonia - Barris de carvalho mudam o gosto da bebida: verdade ou mito?

Data:
Livio Chiazzano

A utilização de barris de carvalho na vinificação é uma tradição antiga, que remonta aos tempos do Império Romano

Vinhos em Harmonia - Barris de carvalho mudam o gosto da bebida: verdade ou mito?
Freepik

Para quem está começando no universo do vinho, é comum ouvir expressões como “notas de baunilha”, “toque de tostado” ou “envelhecido em carvalho” sem entender exatamente o que isso significa. Mas, afinal, o que o carvalho tem a ver com o sabor do vinho? Seria apenas um detalhe técnico ou realmente faz diferença? Na coluna de hoje, vamos desvendar o papel dessa madeira tão presente nos rótulos e nas taças.

A utilização de barris de carvalho na vinificação é uma tradição antiga, que remonta aos tempos do Império Romano. Mas seu uso não é apenas histórico: esta madeira contribui de maneira significativa para a evolução do vinho, tanto em estrutura quanto em aroma e sabor. Quando um vinho é envelhecido em barrica, ele entra em contato com os poros da madeira, absorvendo lentamente compostos naturais que adicionam complexidade à bebida. Entre eles estão a vanilina (que lembra baunilha), os taninos (que ajudam na estrutura) e fenóis (que colaboram para a longevidade do vinho).

Existem dois tipos principais de carvalho usados: o francês e o americano. O francês costuma oferecer nuances mais sutis, com toques de especiarias e elegância. Já o americano tende a marcar mais o vinho, com aromas intensos de coco, baunilha e até caramelo. Além disso, o tempo de contato com a madeira e o fato de a barrica ser nova ou usada também interferem muito no resultado final. Um vinho envelhecido por 12 meses em barrica nova, por exemplo, terá muito mais presença de madeira do que um que passou apenas três meses em uma barrica reutilizada.

Nem todo vinho precisa, ou deve, passar por carvalho. Uvas mais delicadas, como Pinot Noir ou Gamay, geralmente expressam melhor seu frescor e fruta em vinhos que não têm contato com madeira. Já variedades mais encorpadas, como Cabernet Sauvignon, Syrah e Tempranillo, costumam se beneficiar da complexidade que o carvalho pode trazer. O segredo está no equilíbrio entre fruta, acidez, álcool e o toque da madeira.

No Brasil, há bons exemplos para quem quer explorar esse estilo sem pesar no bolso. O Miolo Reserva Merlot, por exemplo, traz notas suaves de madeira e bom equilíbrio. Já o Juan Carrau Tannat Roble, do Uruguai, amplamente disponível em território nacional, oferece um perfil mais intenso, com bastante presença de carvalho americano.

Portanto, o carvalho está longe de ser um mito: ele é uma ferramenta poderosa nas mãos do enólogo. Mas, como todo tempero, deve ser usado com critério. Saber identificar e entender o papel da madeira no vinho ajuda o consumidor a fazer escolhas mais conscientes; seja buscando a pureza da fruta ou a sofisticação de um vinho bem trabalhado em barrica.

Na próxima vez que você abrir um rótulo e ler “envelhecido em carvalho”, vale a pena prestar atenção no que a taça revela. Pode ser madeira. Mas nunca será mito.

Até o nosso próximo encontro. TIM-TIM!
 

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