Nos últimos meses, o golpe do “falso advogado” se consolida como uma das fraudes mais aplicadas via WhatsApp em todo o país, afetando especialmente pessoas envolvidas em processos judiciais — normalmente previdenciários ou trabalhistas. Os alvos preferidos dos bandidos são idosos e pessoas analfabetas digitais.
De acordo com relatórios divulgados pela Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), os criminosos enviam mensagens com dados públicos extraídos de processos judiciais — nome das partes, números de processo, valores em discussão — e, muitas vezes, mandam até o arquivo da causa, para ganhar credibilidade. Eles se apresentam com fotos, nomes e até registros reais da OAB do advogado, ou de alguém que trabalha no mesmo escritório.
Depois da mentira bem sustentada, inventam uma situação “urgente”: pedem transferências via PIX alegando necessidade de pagamento de custas judiciais, certidões, impostos ou taxas para liberação de um suposto crédito ou valor de indenização.
Em entrevista a uma rádio local, a presidente da OAB-BA, Daniela Borges, afirmou que a entidade tem discutido o assunto com outro tribunais e com a equipe de segurança pública do estado. Somente neste ano, foram registradas mais de 800 denúncias só na Bahia contra esse tipo de crime.
"São quadrilhas hoje no Brasil todo que se passam por advogados para tentar aplicar um golpe. Isso envolve acesso a dados inclusive dos processos, dados públicos. É um golpe muito bem feito. Eles conseguem identificar processos em que a parte está pra receber um dinheiro. O número do processo é verdadeiro, muitas vezes o valor que a parte tem pra receber é tudo verdadeiro. E aí eles lançam a isca dizendo: ‘olha, você tem tanto a receber, mas você tem que pagar isso aqui’. E é nessa que o golpe então se consuma", afirmou.
A jornalista Driele Veiga por pouco não foi mais uma vítima. Ela recebeu uma mensagem no WhatsApp de alguém que se identificava como sua advogada, usando nome da profissional real e foto de uma outra mulher. A abordagem era persuasiva: informava sobre andamento de uma ação judicial e sugeria que faltavam custas a serem pagas para o recebimento de valores. No entanto, Driele desconfiou.
Embora tenha percebido se tratar de um golpe, ela decidiu entender como o mesmo se desenrolava. "Na mesma hora que vi que a foto não era de minha advogada entrei em contato com ela, mandei prints e ela confirmou se tratar de golpe. Além disso, me orientou a não fazer qualquer depósito ou encaminhar qualquer dado pessoal ou bancário".
Confirmado o golpe, a jornalista continuou a conversa com a falsa advogada, que informou que o financeiro do escritório entraria em contato. Logo, outro golpista entrou em cena, oferecendo-se como o responsável por realizar o “pagamento” da causa — mas exigia que Driele enviasse o extrato completo da conta bancária para que pudesse validar a operação.
A Advogada Vanessa Passos aproveitou a situação e publicou nas redes sociais pessoais o fato para alertar outros clientes. "É preciso estar atento, se certificar e adotar medidas preventivas para evitar ser lesado", disse.
COMO SE PROTEGER?
1.Desconfie sempre de contatos via WhatsApp ou e-mail solicitando pagamentos, mesmo que usem nome e foto de advogados reais.
2.Verifique a identidade do interlocutor consultando canais oficiais: telefone fixo do escritório, e-mail institucional ou atendimento presencial.
3.Jamais envie dados bancários pessoais ou extratos completos a quem se apresenta como advogado.
4.Salve conversas, prints, documentos e o número celular envolvido. Em seguida, registre um boletim de ocorrência e acione a OAB ou entidades de defesa do consumidor.
5.A OAB também lançou a plataforma ConfirmADV, para verificar identidades de forma digital e segura. É possível consultar a autenticidade de advogados usando o número da OAB e e-mail do profissional.
