O tarifaço imposto por Donald Trump sobre produtos brasileiros já está em vigor e atinge mais da metade das exportações do país para os Estados Unidos. Segundo o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (Mdic), 55,4% das vendas enfrentam o teto tarifário americano, enquanto parte dos embarques foi isenta.
Entre os produtos mais afetados estão café, madeira, carnes, pescados, frutas e equipamentos de construção civil. O Brasil é o principal fornecedor de café para os EUA, responsável por cerca de 35% do consumo americano. Somente Minas Gerais pode perder R$ 1 bilhão em vendas, segundo o vice-governador Mateus Simões. Há possibilidade de que o grão seja incluído em futuras isenções, de acordo com o secretário de Comércio dos EUA, Howard Lutnick.
A madeira, que movimentou US$ 1,6 bilhão em exportações para o mercado americano em 2024, também enfrenta forte impacto. A Associação Brasileira da Indústria de Madeira Processada Mecanicamente (Abimci) alerta para risco de “colapso” no setor, com empresas concedendo férias coletivas e avaliando demissões.
O setor de carnes estima perdas de US$ 1 bilhão com tarifas de 50%, tendo EUA como o segundo maior destino da carne bovina brasileira, atrás apenas da China. Somente no primeiro semestre, o Brasil exportou 181 mil toneladas, equivalentes a US$ 1 bilhão.
Na pesca, 70% das exportações têm como destino os EUA, mas o setor sofre com a falta de alternativas devido ao embargo europeu. A previsão era vender US$ 350 milhões ao mercado americano em 2024.
As frutas também estão na lista de produtos afetados. Os EUA compraram 7% das exportações brasileiras em 2024, com destaque para mangas do Vale do São Francisco, colhidas especialmente para o mercado americano. Produtores temem que o redirecionamento da produção para o consumo interno “colapse o mercado”.
Por fim, 52,2% das exportações brasileiras de equipamentos para construção civil — US$ 1,5 bilhão — foram destinadas aos EUA neste ano. A Abimaq (Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos) alerta que as tarifas podem reduzir a competitividade no mercado americano e abrir espaço para concorrentes como China, Japão, Coreia do Sul e países europeus.