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Anderson Torres chama documento do golpe de 'minuta do Google' em depoimento ao STF

Data:
Maria Eduarda Moura*

Minuta propunha intervenção no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para anular o resultado da eleição de 2022

Anderson Torres chama documento do golpe de 'minuta do Google' em depoimento ao STF
EVARISTO SA / AFP

O ex-ministro da Justiça de Jair Bolsonaro, Anderson Torres, afirmou nesta terça-feira (10), em depoimento ao Supremo Tribunal Federal (STF), que o rascunho golpista encontrado em sua casa pela Polícia Federal era uma “minuta do Google”. Segundo ele, o documento circulava livremente na internet e foi levado até sua residência por engano.

“Ministro, eu brinquei: não é a minuta do golpe, é a minuta do Google, porque está no Google até hoje. Eu nem me lembrava dela, fui saber quando foi apreendida. Foi uma surpresa”, disse Torres, ao explicar que levava diariamente duas pastas para casa com documentos do Ministério da Justiça.

A esboço tinha como proposta a intervenção no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para anular o resultado da eleição de 2022. O texto foi encontrado em um armário em sua residência. Torres disse que o material deveria ter sido descartado e negou qualquer discussão sobre o tema com Bolsonaro ou outras autoridades. 

“Foi uma fatalidade. Nunca tratei isso com ninguém. Não é da minha lavra. Já era para ter sido destruída”, afirmou.

Na época dos ataques de 8 de janeiro, Torres era secretário de Segurança Pública do Distrito Federal. Ele é réu por tentativa de golpe de Estado, acusado pela Procuradoria-Geral da República.

STF ouve núcleo do suposto plano golpista

O depoimento de Torres faz parte da série de interrogatórios promovidos pelo STF ao longo desta semana. Ele foi o segundo a ser ouvido, após o almirante Almir Garnier.

Ao todo, oito réus do chamado “núcleo crucial” da tentativa de golpe serão ouvidos, incluindo o ex-presidente Jair Bolsonaro e o ex-ministro da Defesa Braga Netto. A Primeira Turma do STF reservou cinco dias para as oitivas.

Na segunda-feira (9), o tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, abriu a série de depoimentos. Ele falou por quase quatro horas e detalhou pontos de sua delação premiada.

Cid reafirmou que Almir Garnier manifestou disposição de mobilizar tropas da Marinha em apoio a Bolsonaro, o que teria causado desconforto no então comandante do Exército, general Freire Gomes. “Ele ficou chateado porque a responsabilidade foi empurrada para o Exército”, relatou o delator.

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