Após quase um ano de impasse, a Câmara dos Deputados dos Estados Unidos aprovou nesta terça-feira (18), por ampla maioria, a abertura integral dos arquivos do caso Jeffrey Epstein. A decisão segue agora para o Senado, que deve manter o aval, antes da sanção do presidente Donald Trump.
A votação representa um revés político para Trump, que vinha se opondo à divulgação dos documentos, apesar de tê-la defendido durante a campanha. No fim de semana, ele mudou de posição após não conseguir apoio suficiente do Partido Republicano para barrar a iniciativa.
A resolução foi aprovada por 427 votos a 1, com cinco abstenções. Entre os republicanos, 216 deputados votaram a favor. O único voto contrário foi do republicano Clay Higgins, da Louisiana.
Os documentos reúnem provas e registros produzidos nas investigações sobre Epstein, empresário acusado de operar uma rede de exploração sexual e de abusar de mais de 250 meninas menores de idade. Ele foi preso em julho de 2019 e morreu um mês depois, em sua cela, segundo as autoridades americanas.
A liberação total dos arquivos é vista como um passo decisivo para encerrar uma das principais controvérsias do segundo mandato de Trump. Após assumir o governo, o presidente passou a criticar a divulgação dos materiais. Na semana passada, chamou de fracos e tolos os republicanos que defendiam a abertura dos documentos, antes de voltar a apoiar a proposta.
Alguns registros já haviam sido entregues a congressistas. Entre eles, há e-mails nos quais Epstein afirma que Trump sabia de suas condutas e que chegou a passar horas em sua casa com uma das vítimas. Democratas dizem que as mensagens levantam novas questões sobre a relação entre os dois. A Casa Branca acusa o partido de promover vazamentos seletivos para prejudicar o presidente.
Em outra mensagem, de 2011, Epstein disse a Ghislaine Maxwell que uma vítima havia permanecido por horas com Trump em sua casa e que o episódio nunca fora mencionado publicamente.
O caso continua sendo uma crise para o governo americano. Durante a campanha, Trump chegou a prometer a divulgação da lista de possíveis clientes da rede de exploração, supostamente presente nas anotações do empresário. A pressão aumentou após o Departamento de Justiça liberar parte da documentação em fevereiro, sem trazer novidades relevantes.