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Governo Lula reabre investigação da morte de Juscelino Kubitschek

Data:
Antonio Dilson Neto

Laudo de perito contratado pelo MPF embasa a justificativa; JK morreu em 1976, após colisão na Dutra

Governo Lula reabre investigação da morte de Juscelino Kubitschek
Reprodução/Palácio do Planalto

O governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) decidiu reabrir a investigação sobre a morte do ex-presidente Juscelino Kubitschek, ocorrida em 1976, durante a ditadura militar. JK faleceu em um acidente de carro na Via Dutra, mas as circunstâncias do caso geram controvérsias até hoje.

A Comissão Especial sobre Mortos e Desaparecidos Políticos (CEMDP), vinculada ao Ministério dos Direitos Humanos, deve aprovar nesta sexta-feira (14) uma nova análise do episódio, segundo informações da "Folha de S. Paulo".

A decisão tem como base um laudo técnico do engenheiro e perito Sergio Ejzenberg, elaborado para o Ministério Público Federal (MPF) e finalizado em 2019. O documento refuta a versão oficial de que o desastre teria sido causado por uma colisão entre o Opala de JK e um ônibus antes do choque com uma carreta.

Apesar de a lei que criou a comissão, em 1995, estipular prazos já expirados para a solicitação de novas investigações, a reabertura do caso se justifica sob o argumento de busca pela verdade histórica. Independentemente do desfecho, não haverá qualquer tipo de indenização financeira.

Divergências 

Desde a morte de JK, diferentes versões tentam explicar o que aconteceu na fatídica tarde de 22 de agosto. A ditadura militar defendeu a tese de acidente, alegando que o carro foi atingido por um ônibus ao tentar ultrapassá-lo. A mesma versão foi sustentada pela Comissão Nacional da Verdade em 2014.

Por outro lado, comissões estaduais da Verdade de São Paulo e Minas Gerais, além da municipal de São Paulo, sugerem que a morte teria sido um atentado político. Para embasar essa hipótese, indicam que não há provas de colisão com o ônibus e apontam possíveis ações externas, como sabotagem mecânica, disparo de arma de fogo ou envenenamento do motorista Geraldo Ribeiro.

O inquérito conduzido pelo MPF entre 2013 e 2019 aponta um caminho intermediário. O laudo de Ejzenberg descarta a colisão com o ônibus, mas conclui que "não há elementos materiais suficientes para determinar a causa exata do acidente ou explicar a perda de controle do veículo".

 Operação Condor

Há especulações de que a morte de três importantes figuras da política brasileira no intervalo de um ano possa estar relacionada à Operação Condor, aliança repressiva entre ditaduras do Cone Sul. Entre dezembro de 1976 e maio de 1977, além de JK, faleceram o ex-presidente João Goulart, oficialmente vítima de ataque cardíaco, e o ex-governador da Guanabara, Carlos Lacerda, que morreu de infarto.

Os três, apesar de trajetórias políticas distintas antes do golpe de 1964, haviam se unido na Frente Ampla, um movimento de oposição pacífica ao regime militar, posteriormente proibido pelo governo autoritário.

A reabertura do caso de Juscelino Kubitschek pode trazer novos elementos sobre esse período obscuro da história brasileira e reavivar o debate sobre a atuação do regime militar contra figuras públicas da época.

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