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Lula perde influência no Brasil e no cenário internacional, diz The Economist

Data:
Maria Eduarda Moura*

The Economist destaca a derrubada pelo Congresso do decreto que aumentava o IOF

Lula perde influência no Brasil e no cenário internacional, diz The Economist
PR

A revista britânica The Economist publicou neste domingo (29) uma análise crítica sobre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), destacando a perda de influência internacional e a queda de popularidade no Brasil. A avaliação contrasta com a posição adotada em 2022, quando o noticiário via em Lula a única alternativa viável contra a reeleição de Jair Bolsonaro (PL), que seria, segundo a publicação, "ruim para o Brasil e para o mundo".

Três anos depois, o cenário é outro. O texto menciona que, mesmo diante da possibilidade de prisão de Bolsonaro por sua suposta participação em uma tentativa de golpe, o ex-presidente ainda mantém força política. A revista afirma que, se a direita se unir em torno de um novo nome para 2026, a presidência poderá voltar ao seu campo.

Internamente, o The Economist destaca sinais de fraqueza de Lula, como a derrubada pelo Congresso do decreto que aumentava o IOF — algo inédito em três décadas —, evidenciando dificuldades do governo em negociar com o Legislativo.

No cenário internacional, a publicação aponta um Brasil isolado do Ocidente e fragilizado até mesmo entre seus aliados tradicionais. Há menção ao distanciamento com os EUA, agravado após o Itamaraty condenar ataques norte-americanos ao Irã. Lula também teria feito pouco para estreitar laços com Washington desde a volta de Donald Trump ao poder.

A revista chama atenção para a aproximação de Lula com os líderes da China e da Rússia e alerta que a participação no Brics, antes vista como estratégica, agora pode expor o Brasil a riscos. Segundo o professor Matias Spektor, da FGV, quanto mais o grupo é usado para os interesses geopolíticos de China e Rússia, mais difícil é para o Brasil manter uma posição de neutralidade.

Um diplomata brasileiro ouvido pela reportagem afirmou que, no atual contexto, o foco da política externa deve ser a contenção de danos, não propostas ousadas como a substituição do dólar em transações internacionais.

Por fim, o texto sugere que Lula tem sido incapaz de liderar uma resposta regional a temas como a deportação de migrantes e tarifas comerciais impostas por Trump. Segundo a análise, o Brasil, por estar distante e ser “geopoliticamente inerte”, teria hoje pouca relevância em crises como as da Ucrânia ou do Oriente Médio. “Lula deveria parar de fingir que importa e se concentrar em questões mais próximas”, conclui a publicação.

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