Durante o interrogatório no Supremo Tribunal Federal (STF), nesta segunda-feira (9), o tenente-coronel Mauro Cid afirmou que o ministro Alexandre de Moraes era frequentemente criticado por aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), mas em tom informal, semelhante a uma “conversa de bar”.
A declaração foi feita em resposta ao advogado Celso Vilardi, defensor de Bolsonaro, que perguntou se Moraes havia sido citado em uma reunião realizada em 28 de novembro de 2022.
“Sim, o senhor foi muito criticado”, disse Cid, dirigindo-se ao próprio Moraes, relator da ação penal que investiga tentativa de golpe de Estado. Em tom bem-humorado, o ministro respondeu: “Só? O senhor tem que falar a verdade. Eu tô acostumado, pode falar”, provocando risos entre os réus e advogados presentes.
Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, detalhou que as críticas ao ministro vinham acompanhadas de xingamentos, figurinhas e memes: “Ministro, as pessoas criticavam muito o senhor. As mesmas críticas que o senhor já recebe. Era uma conversa de bar. Nada do tipo 'temos que acabar com ele' ou 'vamos planejar alguma coisa'. Isso nunca existiu. Tinha xingamentos, esse cara é um desgraçado, coisas que o senhor já ouviu bastante, fotos, figurinhas... essas coisas.”
Interrogatórios no STF
Mauro Cid foi o primeiro a ser ouvido entre os oito réus do chamado “núcleo crucial” investigado na ação penal que apura uma tentativa de golpe de Estado após a derrota de Jair Bolsonaro nas eleições de 2022. A Primeira Turma do STF reservou a semana para as oitivas.
Além de Cid, devem ser interrogados:
- Alexandre Ramagem (PL-RJ), deputado federal e ex-diretor da Abin;
- Almir Garnier, ex-comandante da Marinha;
- Anderson Torres, ex-ministro da Justiça;
- Augusto Heleno, ex-chefe do GSI;
- Jair Bolsonaro, ex-presidente da República;
- Paulo Sérgio Nogueira, ex-ministro da Defesa;
- Walter Braga Netto, ex-ministro da Defesa e candidato a vice na chapa bolsonarista.
Cid firmou um acordo de delação premiada com a Polícia Federal e confirmou, ao longo da audiência, que participou de reuniões e teve acesso a documentos, mas disse não ter contribuído diretamente com planos golpistas.