O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), negou nesta terça-feira (17) o pedido da defesa de Jair Bolsonaro (PL) para anular a delação premiada do tenente-coronel Mauro Cid. Para Moraes, a solicitação é “impertinente” ao estágio atual do processo.
A defesa do ex-presidente argumentou que mensagens atribuídas a Cid no Instagram indicariam que ele teria delatado sob pressão, o que comprometeria a legalidade dos depoimentos e das provas. No pedido, os advogados afirmam que a delação carece de voluntariedade e credibilidade.
Apesar disso, Moraes considerou que o momento processual não é adequado para esse tipo de contestação.
Na mesma data, áudios atribuídos a Mauro Cid foram tornados públicos pelo STF.
Enviadas via Instagram, as mensagens mostram Cid queixando-se de abandono por aliados, como Valdemar Costa Neto, presidente do PL, e de ter sido o único a "perder tudo" após a tentativa de golpe.
“Braga Netto, Heleno, Bolsonaro… todos chegaram ao topo. E quem se ferrou? Eu”, afirmou o militar. O advogado Eduardo Kuntz, que defende Marcelo Câmara, também investigado, confirmou ter conversado com Cid no início de 2024.
Em 2023, Cid firmou acordo de delação no inquérito sobre uma suposta tentativa de golpe após as eleições de 2022. Desde então, alterou várias vezes sua versão sobre os fatos. No STF, afirmou que não foi coagido a delatar e que os áudios em que reclama de pressão foram desabafos enviados a um amigo.