O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que o Brasil não aceitará ser tratado com subserviência diante da nova tarifa de 50% sobre produtos brasileiros imposta por Donald Trump. Em entrevista exclusiva ao The New York Times, Lula cobrou respeito do líder norte-americano, destacando que a seriedade não exige submissão.
"Trato todos com muito respeito, mas quero ser tratado com respeito", enfatizou.
A medida anunciada por Trump afeta principalmente produtos como carne, café e suco de laranja, e o Brasil será o país mais atingido pelas sanções, segundo o governo federal. Lula revelou que tentativas de diálogo com Washington foram infrutíferas, mesmo após o envio de uma carta oficial em maio.
"Ninguém na Casa Branca quer conversar", declarou o presidente, classificando o anúncio das tarifas como um desrespeito à soberania nacional.
Lula também rebateu a justificativa usada por Trump, que relacionou a medida ao julgamento de Jair Bolsonaro pelo STF.
"Talvez ele não saiba que aqui no Brasil o Judiciário é independente", disse.
O presidente brasileiro reforçou que está aberto ao diálogo, mas sem abrir mão da dignidade brasileira.
"Reconhecemos o poder dos EUA, mas não temos medo, temos preocupação", declarou.
O New York Times destacou que Lula é possivelmente o estadista latino-americano mais importante deste século e nenhum outro líder global tem confrontado Trump tão diretamente. Lula alertou que os consumidores americanos sentirão os impactos das tarifas, com o aumento dos preços de produtos brasileiros.
"Estamos trocando uma relação diplomática de 201 anos de ganhos mútuos por uma relação de perdas mútuas", concluiu.