Durante discurso na Cúpula do G7, no Canadá, nesta terça-feira (17), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva quebrou o silêncio sobre o recente confronto entre Israel e Irã. Ele alertou que os ataques israelenses podem transformar o Oriente Médio em um campo de batalha, com consequências globais.
Diferente do comunicado conjunto do G7 — que defende o direito de Israel à autodefesa e condena o programa nuclear iraniano —, Lula evitou críticas diretas a Teerã.Em acordo com o posicionamento anterior do Itamaraty, também não condenou o programa atômico do Irã.
“Ora, os recentes ataques de Israel ao Irã ameaçam fazer do Oriente Médio um único campo de batalha, com consequências globais inestimáveis”, afirmou Lula, ao discursar diante de 16 líderes durante um almoço de trabalho. O tema da sessão era segurança energética, que serviu de gancho para o presidente abordar os conflitos geopolíticos.
Lula também apontou que "não haverá segurança energética em um mundo conflagrado" e criticou os altos gastos militares globais, equivalentes ao PIB da Itália. Ele fez referência ainda à guerra na Ucrânia, defendendo o diálogo como única solução viável, e condenou os ataques a civis em Gaza, afirmando que “nada justifica a matança indiscriminada de milhares de mulheres e crianças e o uso da fome como arma de guerra”.
O presidente cobrou uma atuação mais firme das grandes potências e classificou como “patente” o vácuo de liderança internacional diante dos conflitos. Também criticou práticas predatórias em disputas por recursos naturais, citando que o Brasil não se tornará palco de exploração desigual. "Parcerias devem se basear em benefícios mútuos, não em disputas geopolíticas", disse.
A declaração ocorre em meio a tensões comerciais entre Estados Unidos, Ucrânia, China e Europa por minerais estratégicos. Nesta terça, os líderes do G7 divulgaram um comunicado em defesa de acesso seguro e sustentável a esses recursos, em resposta a restrições impostas por Pequim.
Encerrando sua fala, Lula voltou a criticar organismos multilaterais e pediu mais protagonismo à ONU. Segundo ele, é hora de o secretário-geral liderar um grupo comprometido com a paz para recuperar o papel da organização como espaço de diálogo e entendimento global.