O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou nesta quarta-feira (9) a imposição de uma tarifa de 50% sobre produtos importados do Brasil, com início previsto para 1º de agosto. A medida, considerada a mais alta entre as novas tarifas anunciadas nesta semana, amplia as tensões comerciais e políticas entre os dois países.
O comunicado foi feito por meio de uma carta pública enviada ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e divulgada na plataforma Truth Social. No texto, Trump afirma que a decisão é motivada por uma relação comercial que considera injusta, além da forma como o Brasil estaria tratando o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
“Conheci e tive contato com Bolsonaro, e o respeitei profundamente. A maneira como o Brasil tem tratado o ex-presidente é uma desgraça internacional. Este julgamento não deveria estar acontecendo. Trata-se de uma caça às bruxas que deve acabar imediatamente”, escreveu Trump.
Na mesma carta, o republicano acusa o Supremo Tribunal Federal (STF) de censurar redes sociais norte-americanas, o que teria contribuído para a decisão.
“Em parte devido aos ataques insidiosos do Brasil contra as eleições livres e os direitos fundamentais de liberdade de expressão dos americanos — como recentemente ilustrado pelo STF, que emitiu ordens secretas e ilegais contra plataformas de mídia dos EUA —, os EUA imporão ao Brasil uma tarifa de 50%, além de todas as tarifas setoriais”, afirmou.
Até o momento, 23 países foram notificados sobre novas alíquotas, com variações entre 25% e 40%, incluindo Japão, Coreia do Sul, Tailândia, Indonésia, África do Sul e Malásia. Nenhum, porém, foi alvo de uma tarifa tão alta quanto o Brasil.
Trump também anunciou que os demais países integrantes do Brics - Rússia, Índia, China e África do Sul - receberão uma tarifa adicional de 10% "muito em breve", sob a alegação de que o grupo estaria tentando prejudicar os Estados Unidos e substituir o dólar como moeda padrão global.
A fala provocou resposta imediata do presidente Lula, que reafirmou a soberania dos países do Brics e criticou interferências externas:
“Não aceitamos intromissão de quem quer que seja. Nós defendemos o multilateralismo”, declarou o petista em um discurso recente.