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União Europeia determina reconhecimento automático de casamentos LGBT entre Estados-membros

Data:
Antonio Dilson Neto

Países continuam livres para não legalizar o casamento igualitário, mas devem reconhecer uniões feitas no exterior

União Europeia determina reconhecimento automático de casamentos LGBT entre Estados-membros
Reprodução/Neil Hall/File Photo

A mais alta corte da União Europeia decidiu nesta terça-feira 25 que todos os países do bloco são obrigados a reconhecer casamentos entre pessoas do mesmo sexo realizados em outros Estados-membros, repreendendo diretamente a Polônia por negar o registro de uma união celebrada na Alemanha entre dois cidadãos poloneses.

Segundo o Tribunal de Justiça da UE, a recusa polonesa viola a legislação comunitária, já que impede a liberdade de circulação, o direito de residência e o direito à vida privada e familiar. Para a corte, negar validade à união de dois cidadãos europeus fere princípios básicos que regem o bloco.

A determinação impacta diretamente países que ainda proíbem o casamento entre pessoas do mesmo sexo, como Romênia, Bulgária, Eslováquia e Polônia.

Mesmo assim, a corte deixou claro que a decisão não obriga os Estados-membros a legalizar o casamento homoafetivo internamente. A obrigação é reconhecer casamentos celebrados no exterior e garantir que casais do mesmo sexo não sejam discriminados ao retornar ao país de origem.

O caso polonês

O julgamento ocorreu a partir de um caso envolvendo dois homens poloneses que se casaram em Berlim em 2018 e tiveram o pedido de registro do matrimônio negado ao voltarem para a Polônia. O tribunal polonês responsável pelo processo solicitou um parecer à corte europeia, resultando na decisão de caráter vinculativo.

Para o Tribunal de Justiça da UE, cidadãos do bloco devem ter garantido o direito de construir “uma vida familiar normal” tanto ao se mudarem para outro país quanto ao regressarem ao seu Estado de origem.

Tradicionalmente conservadora e com forte influência católica, a Polônia passou anos tratando a pauta LGBT como uma ameaça externa. O atual governo, porém, trabalha em um projeto de lei que regulamenta uniões civis, incluindo casais do mesmo sexo, embora enfrente resistência dentro da própria coalizão e do presidente Karol Nawrocki, que já prometeu vetar qualquer mudança que, segundo ele, afete o status constitucional do casamento.

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