Procedimentos íntimos voltaram a ser pauta nas rodas de conversas da mulherada depois que a cantora Maiara, dupla sertaneja com Maraisa, revelou que se submeteu à uma labioplastia interna após perder cerca de 30 kg por conta de uma cirurgia bariátrica.
“Eu fiz pelo excesso de pele, tinha perdido muito peso. Fiz por estética e, no final das contas, eu vi que fisiologicamente foi a melhor coisa que fiz na minha vida. A sensação que tenho hoje é de liberdade. Me fez sentir mais mulher”, revelou a artista no programa da influenciadora Virgínia Fonseca.
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Além dela, outras celebridades, como a rainha do rebolado, Gretchen; Geisy Arruda; e Deolane Bezerra revelaram que se renderam a uma repaginação na vagina. A cirurgia íntima reduz os pequenos lábios vaginais. O Portal do Casé foi a fundo no assunto e conversou com três especialistas da área para tirar todas as dúvidas dos nossos leitores.
De acordo com a ginecologista Gabrielli Tigre, a labioplastia íntima é indicada para a mulher que tem os pequenos lábios vaginais muito grandes ou assimétricos, e que sente algum desconforto por conta disso.
"Essa é uma demanda que, geralmente, vem da paciente para nós e não o inverso. A mulher pode se queixar de dor, ou desconforto durante a relação sexual. Nesse caso, ocorre que, durante a penetração, essas estruturas acabam dobrando para dentro da vagina. Ou a queixa pode ser a autoestima afetada e perda de libido por conta da vergonha".
Além disso, a médica explica que, em alguns casos, o desconforto pode ser ocasionado até com o uso de determinadas roupas. Tigre conta que a hipertrofia dos pequenos lábios pode ocorrer por uma série de fatores. “Uso de anabolizantes androgênicos, genética, perda de colágeno, desequilíbrio hormonal, gravidez, parto são algumas situações que podem colaborar para que os pequenos lábios fiquem maiores”, reforça.
A médica destaca ainda que, em casos mais raros, a dificuldade em higienizar a região acaba provocando acúmulo de secreções e urina, o que pode levar a infecções constantes, como a candidíase. Por conta disso, algumas mulheres decidem repaginar a parte íntima. E isso pode ser feito de algumas formas: cirúrgica, ou sem cortes.
A CIRURGIA ÍNTIMA
A labioplastia interna é conhecida também como ninfoplastia e consiste na redução, através de cirurgia plástica, dos pequenos lábios vaginais. Quando indicada, a cirurgia íntima feminina também pode alterar o tamanho e formato dos grandes lábios.
O procedimento não foi apenas escolha de Maiara. A advogada e influenciadora digital Delane Bezerra também fez o procedimento. “A minha tinha um lado maior que o outro. Além disso, eu tive dois filhos de parto normal. Então, fiz a laser. Não doeu nada”, relatou.
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Segundo a presidente da Sociedade de Estética Íntima, Tina Batalha, essa cirurgia pode ser feita no próprio consultório, onde será utilizada uma anestesia local e a paciente fica acordada participando de todo procedimento, que dura cerca de 1h30. Após isso, pode seguir para casa.
"Existem várias técnicas cirúrgicas e escolhemos de acordo com a estrutura do lábio da paciente. Buscamos não deixar a cicatriz aparente e deixar o lábio natural. No geral, não fica cicatriz. Podem ser usados dois tipos de pontos absorvíveis ou não. Quando eu faço a cirurgia, prefiro os pontos que precisam ser retirados porque diminui a chance de reação inflamatória. O absorvível apenas se a paciente for de outra cidade ou não tiver como retornar para retirar”, conta.
Dentro do consultório, praticamente todo procedimento cirúrgico íntimo é realizado, com exceção do chamado monte de vênus. “Tratamos a flacidez do monte de vênus com ultrassom microfocado, laser, bio estimuladores que melhoram a textura da pele. Em último caso, fazemos o processo cirúrgico e esse fazemos em hospital para maior segurança da paciente”.
Referência em cirurgia íntima em Salvador, Tina Batalha explica que o procedimento tem contraindicação relativa. Se tiver processo infeccioso ou doença autoimune ativa na região intima, os problemas devem ser tratados antes. Além disso, algumas pacientes têm dismorfismo corpóreo, ou seja, distorção de imagem da própria vulva.
“A maioria das pacientes buscam a retirada do lábio interno ao ponto de não ficar visível. Mas nem toda anatomia permite. É preciso ter uma harmonia entre o lábio interno e externo. Se ela não tem volume no externo eu não teria como cobrir o pequeno lábio. Para isso, eu teria que amputar e o que se faz é tirar o excesso dos lábios internos para manter a vagina protegida de infecção”, reforça a médica.
Para realizar a cirurgia a paciente precisa se programar. Ela deve ser feita depois da menstruação, para evitar que a região fique abafada, o que pode provocar infecção. Também é preciso melhorar alimentação para evitar processos infecciosos. Além da redução dos pequenos lábios, muitas mulheres associam o procedimento à remoção do excesso de pele do capuz do clitóris.
“O ideal é fazer os dois procedimentos juntos. Atualmente, as mulheres têm usado muitos hormônios anabólicos que tem efeitos irreversíveis: voz rouca e aumento de clitóris ou formação de micro pênis. As cirurgias associadas deixam a região íntima mais harmonizada”.
A especialista explica que o procedimento não provoca dor no pós-operatório e que a paciente deve permanecer 30 dias sem sexo, atividade física, banho de mar e piscina. “Com 30 dias, a paciente tem uma boa noção de como vai ficar a região. Nesse período deve-se evitar roupas apertadas. Somente após três meses de operada, a região estará completamente desinchada”, complementa Batalha.
Quem tem plicoma, que é uma pele na região anal, também pode fazer a remoção no mesmo procedimento da labioplastia. Porém, antes, é necessário consulta e atestado de um proctologista, informando que não há associação com hemorroida. O procedimento da labioplastia interna associado ao capuz do clitóris custa, em média, R$ 6 mil.
REJUVENESCIMENTO ÍNTIMO SEM CORTES
Para quem prefere fugir dos cortes das cirurgias e das anestesias, uma alternativa que vem conquistando muitas mulheres é o rejuvenescimento íntimo através de radiofrequência. Esse procedimento, que trata a flacidez, é indolor e é realizado de forma segura. Serve para estimular a produção de colágeno e elastina na região vaginal.
Esta foi a opção da ex-dançarina Gretchen. “Eu fiz o rejuvenescimento vaginal e a menina está linda, nova, jovem, apertadinha e meu marido adora. Minha ‘periquita’ está ótima e melhor do que o que já esteve”.
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De acordo com o fisioterapeuta dermato funcional, Thiago Gusmão, o tratamento resulta numa série de benefícios para a saúde e bem-estar da mulher.
Existem dois perfis de pacientes: as que entraram na menopausa naturalmente ou precisaram induzir o processo, devido algum tratamento de doença, como câncer, e as pacientes mais jovens. Cada um recebe o tratamento de forma diferente e atendendo suas particularidades.
BENEFÍCIOS
No caso das mulheres menopausadas, o corpo entende que o organismo não vai mais gerar uma criança e que não vai mais existir relação sexual. Então, essas pacientes tendem a gerar uma atrofia do canal vaginal e secura, o que provoca dor no ato sexual. Quando a menopausa é induzida, existe uma medicação específica utilizada para isso que, geralmente, provoca além da atrofia do canal, fibrose interna, gerando uma dor ainda maior no ato sexual.
“Para este grupo de pacientes, a radiofrequência é altamente indicada para provocar um relaxamento da musculatura, ou seja, aquela paciente que sentia dor na relação sexual volta a ter prazer. A gente induz colágeno e trabalhamos a fibrose. Por ser calor que vamos emitir ali na região íntima, aumentamos a vascularização do tecido que passa a ter uma lubrificação melhor. Ou seja, durante o ato sexual, aquela mulher que está na menopausa volta a produzir muco e ter qualidade sexual”, conta o fisioterapeuta.
Já no outro grupo de pacientes, ou seja, as mais jovens, o processo é inverso. Tudo isso é feito através da programação da máquina.
“Ao invés de provocar o relaxamento do canal, provocamos a atrofia. Induzimos que o canal feche mais e essa paciente que já tem uma boa lubrificação, a gente melhora a qualidade da relação sexual, diminuindo o diâmetro do canal vaginal. O parceiro dela vai sentir o canal mais fechado. É diferente das pacientes mais idosas que o organismo trava o canal. No procedimento, a gente induz a atrofia, mas, por ela ser jovem, no ato sexual, ele relaxa e volta ao normal. Além disso, tem o benefício da lubrificação porque o tecido será mais nutrido e com uma qualidade mais firme”, completa Thiago Gusmão.
O Portal do Casé entrevistou algumas pacientes que realizaram o procedimento. Uma delas foi a bióloga esteta Marcia Carvalho. Ela procurou a clínica de Thiago para realizar o tratamento por questões não só de estética, mas para melhorar a saúde.
“Foi maravilhoso, porque eu sofria com incontinência urinária e uma frouxidão no canal vaginal. Para mim foi um marco. Uma primeira sessão abençoada. Foi nítida a mudança antes e depois. Eu tinha um complexo com minha vulva e isso mudou minha vida e melhorou meu casamento. Eleva a autoestima da gente. Desde que eu fiz o procedimento eu parei com a incontinência que sempre me deixava com a calcinha molhada”, revelou.
ESTÉTICA VAGINAL
Além de tratar o canal vaginal, a radiofrequência trata a área externa, dando mais firmeza aos grandes lábios. É comum a mulher que perde muito peso ou já está idosa, a região íntima ficar “murcha” ou flácida. Neste caso, o fisioterapeuta Thiago Gusmão estimula vasodilatação e colágeno da região externa.
“Entendemos que o tratamento da região íntima deve ser completo. Então, começamos com o canal e aí inclui os pequenos lábios que estejam muito crescidos e depois passamos para a área externa com outra manopla. Estimulamos o colágeno e devolvemos para aquela paciente que está com uma flacidez de pele muito grande, uma qualidade visual”.
O procedimento completo dura, em média, 30 minutos. O tempo é administrado entre a parte interna e externa da vagina. São cerca de 20 minutos no canal vaginal e 10 na parte externa e, em apenas uma sessão, o resultado é notado.
“O resultado é visto imediatamente e não é efeito cinderela, ou seja, não diminui com poucos meses. Não tenho pacientes que precisaram de segunda sessão e eu trabalho com rejuvenescimento íntimo há três anos. Eu tenho apenas cinco pacientes que pediram para repetir o procedimento, um ano depois, porque queriam melhorar ainda mais o resultado. Mas, no comparativo da primeira vez, o pós imediato e um ano depois não teve qualquer diferença”, relembra o especialista.
Outro benefício é que o laser íntimo não é invasivo, não gera dor. Além disso, a sessão é rápida e não há efeitos colaterais. “Realizamos na nossa própria clínica, não há corte e pode durar por anos. O resultado é visto na hora, em única sessão e potencializado a partir do 15º dia de realizado”, acrescenta o fisioterapeuta.
Após realizar o procedimento íntimo a paciente segue vida normal. “Não precisa repouso. Pode fazer atividade física, ir trabalhar, tudo normal. Se a paciente não tiver nenhuma intercorrência no procedimento, ela pode inclusive ter relação sexual no mesmo dia. Caso tenha, precisa ficar sem sexo por cinco dias”, diz.
O fisioterapeuta Thiago Gusmão informa ainda que, por ser uma região vascularizada, em casos de pacientes mais idosas ou na menopausa, pode ter um leve sangramento. Nesse caso, a sessão é interrompida no canal e segue para a área externa. No entanto, não há riscos, lesão de tecido, nem contaminação. O tratamento é muito simples.
“Como essas pacientes são mais secas, por não estarem com a lubrificação normal, o atrito do procedimento pode romper algum vaso. Com esse leve sangramento, paramos o tratamento interno e seguimos para o externo. Por isso, dividimos os 30 minutos de acordo com o tratamento do canal. Ali ficamos em média 15 ou 20 minutos”.
Cada sessão do rejuvenescimento íntimo custa em média R$ 900 e é recomendado que a paciente não esteja menstruada no dia do procedimento e nem com qualquer tipo de infecção vaginal.
SEM HOMENS
O Portal do Casé perguntou ao fisioterapeuta se homens podem aderir ao tratamento de rejuvenescimento íntimo e se a região anal também pode ser alvo do procedimento. E a resposta é não, por enquanto!
“No testículo, não é possível fazer o procedimento porque pode afetar a qualidade dos espermatozoides. Já na região do períneo e anal, existem artigos. Porém, nada cientificamente comprovado ainda. Lá na frente, quem sabe”.
PROFISSIONAIS CITADOS
Garielli Tigre (Ginecologista )
@dragabriellitigre
Tina Batalha (Médica ginecologista Presidente da Sociedade de Estética Íntima)
@dratinabatalha
Dr. Thiago Gusmão (Fisioterapeuta dermato funcional)
@dr.thiagogusmao