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Ronnie Lessa diz que matou Marielle Franco por promessa de chefiar nova milícia no RJ

Data:
Da redação

Para o matador de aluguel, a morte da vereadora seria o grande “negócio” da vida dele

Ronnie Lessa diz que matou Marielle Franco por promessa de chefiar nova milícia no RJ
Reprodução/TV Globo

Pela primeira vez, em vídeo, o ex-sargento da Polícia Militar, Ronnie Lessa, assassino confesso da vereadora Marielle Franco (PSOL) e do motorista, Anderson Gomes, detalhou como recebeu a proposta, que ele chama de “sociedade”, dos irmãos Domingos e Chiquinho Brazão. 

Na delação premiada, exibida no domingo (26) pelo Fantástico, da TV Globo, Lessa explicou que Domingos lhe ofereceu um loteamento, ou seja, um mini bairro, em Jacarepaguá, na Zona Oeste, para explorar serviços como gatonet, transporte alternativo e até uma milícia na região. 

O lucro estimado seria de R$ 100 milhões. Para o matador de aluguel, a morte da vereadora seria o grande “negócio” da vida dele. Mas, para isso, era preciso retirar “uma pedra no caminho”: Marielle. Os citados na delação negam as acusações.

Segundo Lessa, Domingos Brazão, conselheiro do Tribunal de Contas do Rio, disse a ele que a escolha do nome da então vereadora foi porque ela orientava as pessoas a não aderirem aos novos loteamentos das milícias. Lessa conta que Domingos justificou: “Marielle vai atrapalhar, tem que sair do caminho”. Leia trechos da delação à PF e aos MP federal e estadual.

“Eu falei ‘não, a gente tem que matar’. Não tem problema. Eu aceitei de cara sem saber até quem é.”
"Não é uma empreitada, pra você chegar ali, matar uma pessoa, ganhar um dinheirinho... Não!"
"Era muito dinheiro envolvido; na época ele falou em 100 milhões de reais o lucro dos dois loteamentos. São quinhentos lotes de cada lado. É uma coisa grande, são ruas, na verdade é um mini bairro. É uma coisa gigantesca, então a gente tá falando de muita grana."

Na delação, Ronnie Lessa assume que aceitou fazer parte do plano de assassinar a vereadora Marielle Franco, proposto pelos irmãos Brazão, mandantes do crime, segundo ele. Em troca, ganharia dois loteamentos em Jacarepaguá, que renderia mais de 20 milhões de dólares em lucro, equivalente a R$ 100 milhões.

"Eu tive com eles por três ocasiões. O Domingos falava mais e o Chiquinho concorda. É uma dupla, um fala mais e outro só concorda."

A defesa de Domingos Brazão diz que não existem elementos e provas que sustentem a versão de Lessa. Já a de Chiquinho afirma que a delação é uma desesperada criação mental na busca por benefícios e que são muitas as contradições, fragilidades e inverdades.

“A gente ia assumir, na verdade, ia criar uma milícia nova.”
“A questão valiosa ali é depois, é a manutenção da milícia, que vai trazer voto.”

A proposta, segundo Lessa, não era apenas de matar a vereadora, mas criar uma nova milícia na Zona Oeste da cidade. Os lucros viriam da exploração de sinal clandestino de internet e televisão, de gás residencial e de serviços de transporte. O delator não diz quando o empreendimento ilegal aconteceria, mas afirma que seria um dos donos, com um poder criminoso que se refletiria até em eleições.

A Polícia Federal informou no relatório que, após apurar informações por meio de fontes abertas, humanas e material apreendido no curso das apurações, não foi possível encontrar evidência concreta de planejamento de alguma ação no sentido de ocupação na área.

“Não fui contratado para matar Marielle como um assassino de aluguel. Fui chamado pra uma sociedade.”
“A Marielle vai atrapalhar e nós vamos seguir, e pra isso ela tem que sair do caminho.”

Lessa afirma que a vereadora se tornou alvo dos criminosos porque a parlamentar teria convocado reuniões com várias lideranças comunitárias de bairros da região, para que não houvesse adesão a novos loteamentos da milícia. Essa informação, segundo o assassino, foi passada por Domingos Brazão, em um dos três encontros que teve com os mandantes do crime.

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