A ciência já provou: desde o momento em que o corpo começa a ser formado, na barriga da mãe, até o envelhecimento e o fim da vida, os alimentos moldam nossa imunidade, cognição, energia, emoções e até a expressão genética (epigenética).
Mas o que poucos sabem é que essa influência começa antes mesmo da fecundação. “A nutrição não começa no prato — ela começa na preparação física, emocional e metabólica dos pais”, afirma Edinalva Cintra Müller, Chef Funcional, Nutricionista Holística e Palestrante Internacional.
Criadora do Método PPS — Prático, Prazeroso e Saudável — Edinalva tem rodado o mundo com uma mensagem clara: a alimentação é mais do que caloria — é informação. “Cada refeição é uma oportunidade de proteger, construir ou intoxicar o corpo. Do útero ao túmulo, nossas escolhas alimentares deixam marcas visíveis e invisíveis em quem somos e no que deixamos.”
ALIMENTAR É CUIDAR
Foi na Universidade de Toronto, no Canadá, durante o curso “Nutrition From Womb to Tomb: Healthy Beginnings to Vibrant Endings”, que Edinalva teve clareza sobre por que os cuidados com a saúde, por meio da alimentação, devem começar desde a primeira célula.
Segundo ela, todos precisamos compreender a importância da nutrição, mas há grupos que devem estar especialmente atentos: futuros pais, profissionais da saúde, educadores, cuidadores e pessoas em fases de maior vulnerabilidade nutricional — como crianças e idosos.
A expressão “da primeira célula ao último suspiro” resume esse olhar. “A primeira célula nasce logo após a fecundação, mas sua qualidade depende do terreno onde ela vai se desenvolver. A janela pré-concepcional — os meses que antecedem a gravidez — é decisiva. O que o pai e a mãe comem, sentem e vivem impacta diretamente a saúde futura do bebê”, explica.
Estudos da linha Developmental Origins of Health and Disease (DOHaD) confirmam: desnutrição, excesso de inflamação, estresse materno e exposição a toxinas durante a gestação aumentam o risco de doenças crônicas, alergias, distúrbios de atenção e problemas metabólicos nas crianças.
ONDE COMEÇA A MUDANÇA
A resposta, segundo Edinalva, é simples: “A transformação começa na escolha do alimento na feira, na leitura de um rótulo, na conversa com a avó, na decisão de cozinhar com intenção. Claro que profissionais especializados ajudam, mas o cuidado também nasce em casa".
A chef e nutricionista destaca que é possível reparar o que não foi feito no início da vida. “O corpo é adaptável. Alimentação anti-inflamatória, sono reparador, práticas de autocuidado e conexão com a natureza regeneram a saúde. Hábitos simples, como mastigar com atenção, comer mais plantas e cozinhar com afeto, fazem diferença.”
Segundo ela, “uma pessoa bem nutrida demonstra mais energia, clareza mental, bom humor, pele saudável e imunidade forte. Já quem se alimenta mal tende a apresentar cansaço constante, irritabilidade, problemas intestinais, infecções recorrentes e sinais de envelhecimento precoce.”
Para quem quer engravidar, Edinalva orienta:
1. Eliminar açúcar refinado, industrializados e bebidas alcoólicas;
2. Corrigir deficiências nutricionais com exames e suplementação adequada;
3. Consumir alimentos frescos, orgânicos e locais;
4. Evitar plásticos, panelas de alumínio danificadas e cosméticos com toxinas;
5. Conectar-se com a natureza, praticar grounding, meditação e alimentação consciente.
“O bebê é formado não só do que a mãe come, mas também do que ela sente, pensa e vibra”, diz.
MÉTODO PPS
Com o Método PPS, Edinalva ensina a preparar refeições práticas, prazerosas e saudáveis, com ingredientes naturais e técnicas que preservam o valor nutricional dos alimentos.
“Cozinhar pode ser simples, gostoso e terapêutico. O alimento certo, no momento certo, é um presente para o corpo.”
Ela defende que profissionais de diferentes áreas atuem juntos em cada fase da vida: nutricionistas, obstetras humanizados, terapeutas, doulas, pediatras integrativos e educadores físicos — cada um contribuindo com uma peça do cuidado integral.
“Cuidar do que colocamos no prato é também cuidar do que colocamos no mundo”, conclui Edinalva. “Nunca é tarde para começar. Alimentar-se bem não é um luxo — é um ato de amor, de autoconsciência e de responsabilidade com o presente e o futuro".