WhatsApp

Celulo eu, celula você, por Eugênio Afonso

Data:
Da redação

Não adianta. Nem pense em sair de casa sem ele, você não sobreviverá

Celulo eu, celula você, por Eugênio Afonso
Arquivo pessoal

Definitivamente, ele é um alongamento do corpo humano, um membro adicionado. Não adianta só ter mãos, pernas, cabeça, umbigo, cara, cabelo e bunda. É preciso ter um celular acoplado à derme.

Não adianta. Nem pense em sair de casa sem ele, você não sobreviverá. Os cardápios físicos, por exemplo, estão virando obra de ficção. Os botecos e restaurantes 'mudernos' só querem saber de cardápio virtual. Olha o QR Code aí pessoal....

Aliás, QR Code já poderia ter sido traduzido, né? Que tal Código Virtual? Enfim, sempre há uma forma divertida, ou não, de se traduzir um estrangeirismo.

Mas voltando ao celular...como ir à praia, ao teatro, ao show, ao baile, à festa familiar, aos encontros amorosos, sem o convite - que agora é virtual - ou fotografar e filmar instantaneamente? Tudo parece ser o tempo todo 'instagramável' (para usar um termo da moda).

Antes, os encontros eram possíveis e as pessoas se divertiam, ou não, mas não era o celular quem determinava o bom andamento de um entretenimento.

E a deselegância do figurino... aquele volume enorme ostentando bolsos e bolsas. E poder sentar confortavelmente nos lugares...e ter as mãos livres? (gestos de um passado não tão remoto assim).

Hoje é quase inimaginável pensar um corpo humano sem esta terceira mão virtual incorporada até que um chipe venha nos salvar. Sem falar na ausência de privacidade. Uma palavra em desuso, completamente fora de moda, cafona, démodé (pra ficar no francês mesmo e não traduzir).

Quer mostrar a genitália na tela?...mostra...não há problema...quer mostrar outra coisa?...fica à vontade...só não vale ficar oco porque aí o buraco costuma ser bem mais embaixo, e para preencher depois pode ser à base de solavancos terapêuticos, químicos. Pode doer e a receita talvez não esteja na tela.

Tenha notícias
no seu e-mail