Quem vai sobreviver saudável? Esta pergunta tem me assolado faz é tempo. Até porque com o desmantelamento do mundo, através do tapa na cara, sem luva de pelica, da natureza, não vai sobrar saúde pra ninguém.
Desconheço gente com mais de 60 inteiraça. Todo mundo tem uma coluna entortada, uma tensão fora da normalidade, um açúcar acumulado ou faltando, um coração disparando fora do tom, umas cicatrizes, uns ossos remendados, uma tosse que não cessa, um enjoo constante, uma tontura. É sempre um mal-estar cutucando.
E tá tudo entrelaçado, tudo é transversal...se chove, se seca, se despenca, desliza, abre cratera, invade casa e rua, derruba ponte, arrasta gente e árvore, sacoleja prédio e esfumaça o ar.
Afinal a gente é natureza também por mais que muitos esperneiem e se recusem a aceitar. Se chover ou secar além da conta vai sobrar pra nós.
É coceira, creca, irritação, alergia, alopecia...tudo associado ao clima planetário. E tem mais, o prazo pra tentar consertar, rebobinar o caos, já expirou. Agora é tentar adoecer menos. Como? Aucune idée.
Sem falar nas fraturas internas. Cabeça destemperada, ansiedade, medo, angústia. Não tem mais fígado, baço ou pulmão zerado, praticamente virgem, donzelo, para ninguém. Não depois dos 60.
Alguns dirão: você é muito pessimista. Então, tá!...todos os alertas foram dados, todas as pesquisas confirmaram, todas as notícias – de boa fonte – alertaram. Todo mundo viu o céu vermelho de poeira, a água passear por onde não devia e a terra craquelar por aí.
Mas a especulação imobiliária, por exemplo, não quer nem saber. Tem resort pra vender, casa de praia pra alugar, espigão pra construir, viaduto pra cimentar e muito soldo pra faturar.
E pra tudo, estes gerenciadores da consciência alheia têm justificativa. Acredita quem quer. Agora é tarde. É tentar andar por aí pra ver se enxerga alguma piscadela no fim de qualquer caminho.
A gente maltratou a mãe natureza por demais, então 'guenta' o tranco que vem mais pandemia por aí. Só de pensar, me dá uma coisa, um desassossego, uma agonia.
Acho que vida saudável, saudável, só numa próxima aventura. Então...pra terminar... quem vai colar os tais caquinhos do velho mundo? (dá-lhe Marina).