Não sou mulher. Não tenho útero nem ovário. Portanto, jamais serei mãe. Mas, na contemporaneidade, há uma tendência atual das mães 'modernetes' se queixarem da maternidade. Que não é simples, que é doloroso, que não gosta de educar, que dói e cai o peito, que não tem paz para dormir, blá blá blá.
Virou moda 'desromantizar' o ato materno. Quando ouço um discurso desses, principalmente os que alegam questões estéticas, e que parecem tão sérios, profundos e doloridos – só que não - só penso nos filhos.
Crescer ouvindo sua mãe expor o horror que é a maternidade não deve ser nada simples para a formação de genes salutares. Como ela sofre, como ela era mais feliz antes. Como criança dá trabalho e atrapalha. Não deve ser nada fácil e agradável perceber que não se é assim tão bem-vindo.
Sou filho de uma geração em que as mães se aceitavam como mães. Não questionavam muito, nem lamentavam a maternidade, e seguiam educando. Sentíamos amados. Todo mundo tinha uma mãe pra chamar de sua e saber que ela era orgulhosa da filharada.
Ou se não era, fazia bem o dever de casa. Não me lembro de lamúrias como as atuais. Mas agora não. Todas as 'modernetes' de plantão querem vir a público se queixar do 'fardo' da maternidade.
Muitas, claro, para sair do anonimato e ganhar holofote. Outras para deixar claro sua coleção de insatisfações e complexidades desnecessárias. A princípio, ninguém é obrigado a parir.
Ser mãe é uma preferência e deveria ser um ato de amor, natural, saboroso e de felicidade, por mais que cause incômodos. É simples? Acredito que não. É fácil? Não deve ser. É uma decisão natural e sublime? Deveria ser.
Só estamos habitando esse planeta graças à existência das mães. E mesmo com um número grande de genitoras dedicadas, felizes com a maternidade, tentando ser amorosas e criando filhos bem amados, o caos está instalado.
Agora, imagina a geração de filhos dessas mães 'pseudoproblemáticas' daqui há um tempinho. Gente que cresce mal amada, sabendo que sua mãe não tolera o que a maternidade lhe exige. Imagina ter que saber que sua mãe acha tudo isso um tormento, que você é um fardo.
Que sofreu muito para lhe educar, que não foi fácil, que teve dor, tremor e mau humor. Imagino que à medida que a criança vai crescendo, a mãe vai justificando suas ideias e tentando o perdão.
Mas talvez já tenha causado um buraco qualquer no âmago filial. Tem cura, tem recuperação, tudo isso é bobagem? Vai saber. Mas não gostaria de perceber que minha mãe encarou a maternidade como uma sofrência. Que estou no mundo porque não teve jeito. E que ela educou porque não teve saída.
Talvez a maternidade feliz e saudável, onde a criança é desejada e cortejada, seja o prenúncio de um mundo mais amoroso, menos caótico e bélico. Será?
Talvez eu esteja romantizando demais. Será? Afinal, jamais serei mãe. Mas, como filho, acho sensacional ouvir mulheres encarando o ato com naturalidade, enaltecendo a maternidade, felizes por procriar, satisfeitas por poder desenvolver uma relação de afeto e amor com um novo ser.
Por mais que não seja simples, por mais que seja sofrido, dolorido em determinados momentos, ser mãe é, ou deveria ser, uma escolha. E toda escolha implica uma renúncia.
Saber-se desejado aquece a alma. Dá uma sensação de amor, bem-estar. É como quando você chega em algum lugar, a pessoa abre a porta, sorri e diz: seja muito bem-vindo.