Ainda bem que o carnaval é nosso, desta forma a palavra pipoca, que representa tão bem aquele folião que brinca desgarrado, sem amarras, foi obrigada a sair de nossas entranhas. E quando isto acontece, a gente faz gol de placa. Pipoca (carnavalesca) é uma expressão genial.
Porque se a festa fosse importada lá do norte das Américas, ai, ai ai. Como quase tudo que vem de lá e a gente copia aqui porque ama a cultura deles - tão legal, tão semelhante à nossa (tom cínico aqui) -, provavelmente este dito folião seria um reveller ou até um joker.
Ia ornar tão bem com trio elétrico, xixi e cerveja. Porque, se você reparar bem, e você já deve ter reparado, o idioma inglês tem se adaptado cada vez mais e melhor nos trópicos. Anda por aí à vontade, de sandália japonesa (expressão quase jurássica) e sem maiores cerimônias.
A publicidade, a moda, os shoppings, a tecnologia, o universo virtual veneram, são fãs de carteirinha. Nem precisa de intérprete nessa seara. O inglês se adaptou beníssimamente.
Aí, alegam alguns... para que traduzir? Algumas palavras não têm significado à altura na língua portuguesa. E defendem que se expressar em inglês facilita e é mais eficiente.
Dizem que o português, além de não soar bem, é meio destoante. Que o digam o CEO, o manager, o backstage, o deadline, o backing vocal, o delivery, a setlist da vida. Então me lembro imediatamente da nossa mítica 'saudade'. Uma palavra só portuguesa, afirmam alguns.
É verdade, mas se não me falha a memória, os norte-americanos, mesmo reconhecendo que não há uma palavra que a substitua, dizem 'I miss you' quando sentem saudade. E os franceses preferem 'tu me manques'.
Eles deveriam usar a palavra saudade, tão mais poética, mais musical, mas optam por valorizar a própria língua natal. Por que será? Que pena, não é mesmo?
I'm so sorry!