Se você já prepara receitas italianas, especialmente sobremesas como o clássico zabaglione, provavelmente já esbarrou com o nome “Marsala”. Ele aparece em lojas, mercados e até em programas de culinária com tanta naturalidade que muita gente nem questiona: afinal, Marsala é um vinho ou apenas um ingrediente de cozinha?
A resposta é sim, Marsala é um vinho; e dos importantes. Nascido na Sicília, mais especificamente na região de mesmo nome, ele é um vinho fortificado, assim como o Porto e o Jerez. Isso significa que, durante sua produção, recebe uma adição controlada de álcool vínico, elevando sua graduação alcoólica e, ao mesmo tempo, influenciando aroma e sabor. O resultado é uma bebida intensa, aromática e versátil, que conquistou o mundo tanto na mesa quanto na gastronomia.
Mas o que faz o Marsala ser tão especial? Para começar, ele pode ser seco, semi-seco ou doce, variando conforme o estilo e o tempo de envelhecimento. Os secos costumam ter notas de amêndoas, caramelo leve e frutas secas; já os doces são mais macios, com toques de baunilha, figo, mel e especiarias. Essa amplitude sensorial explica por que o vinho funciona tão bem em preparos salgados e doces, do risoto ao tiramisù.
Vale destacar também que existem categorias de envelhecimento, como Fine (mínimo 1 ano), Superiore (2 anos), Vergine (5 anos) e os excepcionais Vergine Stravecchio, que ultrapassam 10 anos de maturação. Quanto mais envelhecido, mais complexo e elegante o vinho se torna. E sim, muitos Marsalas de alta qualidade são apreciados puros, como vinho de meditação.
No Brasil, porém, o Marsala ganhou uma imagem equivocada: virou, para muitos, apenas “vinho para cozinhar”. Isso acontece porque produtos chamados de “tipo Marsala”, muitas vezes feitos com vinho simples, açúcar e aromatizantes, são amplamente vendidos para uso culinário. Eles passam bem longe do verdadeiro Marsala siciliano e não refletem sua tradição. Por
isso, na hora de comprar, procure por garrafas com denominação de origem (DOC Marsala). Essas, sim, são a expressão autêntica do vinho italiano.
Outra curiosidade: por ser fortificado, o Marsala se conserva melhor após aberto, especialmente as versões secas. Refrigerado e bem tampado, pode durar semanas sem perder suas características; algo prático para quem gosta de usar a bebida tanto na taça quanto na panela.
Portanto, da próxima vez que alguém perguntar se Marsala é vinho, você já saberá responder: é vinho, é histórico e é muito mais interessante do que apenas um ingrediente culinário. Quem sabe você não descobre um novo favorito para degustar lentamente após o jantar?
Até o nosso próximo encontro. TIM-TIM!