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Que Tal? Discurso e prática, por Eugênio Afonso

Data:
Da redação

Que atirem as pedras, já montei a trincheira....

Que Tal? Discurso e prática, por Eugênio Afonso
Arquivo Pessoal

Tenho uma falha de caráter adolescente, nunca fui roqueiro. Um estilo musical que nunca me falou ao pau. Sempre fui mais emepebezista e adolesci ouvindo Chico, Caetano, Belchior, Gonzaguinha, Rita, RoRo, Marina, João Bosco, Aldir Blanc, Moraes, Paulinho e Gil, só pra citar alguns que compõem. E tem outros tantos, mas se for citar aqui vai encher a página e o intuito da escrita não é esse. 

O rock sempre me soou muito heteronormativo e essa deve ser uma das razões da minha falta de tesão. Além disso, desde que Mick Jagger, considerado 'the best one', teve um filho com Luciana Gimenez e esteve sempre envolvido com modelos lindas por fora, percebi que entre o discurso e a prática dos astros do rock há um razoável abismo.

 As letras ainda cheiram a rebeldia adolescente, idiossincrasia gratuita, e carecem de maior maturidade política. Não costumo ver roqueiros se envolvendo com mulheres, digamos, que fujam do padrão 'sei que sou bonita e gostosa', por exemplo. Sei de roqueiro que tocava com o adesivo da suástica na guitarra. 

Aí, um dia desses, não lembro bem quando, um vocalista de uma das mais emblemáticas bandas de rock da Bahia dos anos 1980, disse umas tenebrosidades num telejornal local e isso caiu no gosto popular das redes sociais.

 Os roqueiros, sob o meu ponto de vista - que fique bem claro - sempre tiveram uma relação paradoxal entre música e comportamento, portanto não me surpreendi com a fala deste artista, talvez ficasse estirado no chão se fosse um Chico Buarque. Mas sigo acreditando no mestre. 

Que atirem as pedras, já montei a trincheira....

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