Quem me conhece sabe. Esta talvez seja, atualmente, a expressão mais usada nas redes sociais para quem falou o que não devia, não podia, não precisava. Já está virando um clássico internético.
O internauta fala uma coleção interminável de asneiras, faz merda sobre merda e depois, como quem não entendeu o horror alheio, pede desculpas. "Está descontextualizado, quem me conhece sabe...".
Tudo está descontextualizado. O brucutu espanca a mulher, ofende a atendente negra, bate no gay e filma. Quando percebe que deu ruim, começa a 'descontextualização'. "Não foi isso que eu quis dizer, até tenho um amigo gay (oi?), minha melhor amiga é negra...foi tudo deturpado...quem me conhece sabe".
Pedir desculpa é tão fácil. Erra e pede, pronto. Depois volta a errar e pedir de novo. É automático, é como num carrossel virtual. "Quero me desculpar com quem se sentiu ofendido...quem me conhece sabe".
E lá na frente, outra cagada e outra desculpa. E assim caminham os trogloditas internéticos. Sempre errando e sempre se desculpando para ganhar crédito para novos absurdos.
Mesmo com tantas catástrofes, parece que a gente não aprende nada. Quando a cadeia chegou pro povo de colarinho branco, pensei que a corrupção fosse amainar. Santa inocência.
Nunca se ouviu tanta barbaridade como nos fatídicos anos da covid. Coisas como "depois desta catástrofe, sairemos outros", "este tempo de silenciamento e reclusão nos fará questionar", "a vida nunca mais será a mesma".
Claro que não, inclusive pode ficar muito pior (risos). Sempre gargalhei com estes comentários tão poliânicos. Bastou um 'êêê faraó', 'e vai rolar a festa', que saiu todo mundo se acotovelando. E haja álcool, músculo em excesso, sexo e pancadaria, afinal acabou o castigo, o confinamento. É hora de retornar à selvageria.
Se duas guerras mundiais, pandemias e tragédias tantas não iluminaram a humanidade, não seria uma simples covidizinha que iria nos colocar na linha da prudência, da humanização.
Nananinanão, já não cabe tanto puritanismo. Daqui pra frente, é apostar na integridade interna, mas é um trabalho de formiguinha. Sabe aquela parábola do incêndio e do beija-flor?...pois então...
Eita que ando desacreditado de nós. Tôquitô ultimamente. Mas, no raso mesmo, porque a gente não está procurando petróleo em ninguém, sou bem otimista e positivo...quem me conhece sabe.