Pauta do dia: aquecimento global. Você ainda acredita que é possível reduzir os efeitos nocivos? Eu, não mais. O prazo venceu e faz tempo. Agora é tentar se adaptar.
Mas como? Não sei. De qualquer forma, não estarei aqui para ver os estragos futuros (logo ali). Também num tô deixando filho, só quatro sobrinhos, mas tudo já passando dos 25 anos.
Então, é correr pro mergulho no mar enquanto ele não avança e a areia desaparece. É tomar sol na varanda ou na laje enquanto ele não frita os ossos. Enquanto o câncer de pele ainda tenta resistir.
É fazer trilhas enquanto elas ainda existem. É tentar não adoecer (missão quase impossível) com mal-estares inexplicáveis. Aquele nariz que não para de entupir, aquela tosse que não quer ir embora, aquela tontura que, via e mexe, dá as caras. Aquela dor de cabeça renitente.
É parar de andar de carro, parar de plantar soja, parar de desmatar pra engordar gado. Parar, parar, parar. Mas quando o capitalismo é afetado, as decisões não são tão simples assim. Afinal, quem manda no planeta, os arquitrilhardários ou você?
Quem é você na fila do dióxido de carbono? Deixa o carro na garagem pra ver o que acontece. Nada. Conheci um pessoal europeu que não andava nem de avião para tentar reduzir o aquecimento da Terra. Isso foi lá nos anos 1990 e, pelo visto, parece que não deu muito certo, né?
De lá pra cá, tenho a impressão que o esforço deles não valeu a pena. Afinal, parece que quem deveria fazer o dever de casa, esqueceu o caderno na escola e não pensa em voltar pra buscar.
Até porque os encontros com os poderosos do mundo já acontecem há uma cara e nada muda. Na verdade, o que se promove ali é turismo, sobretudo o sexual. A turma que negocia sexo adora.
Enfim, esta é uma crônica pessimista, mas realista, mas pessimista. Quem, acima dos 50, está saudável em 2024? Desconheço. Todo mundo anda colecionando crecas particulares.
Então, se adaptar é aprender a lidar com as intempéries. Não tem mais jeito. É se desesperar moderadamente. Os especialistas já alertaram. Se a mudança necessária começar hoje, ainda levaremos umas boas décadas para recuperar o ar perdido.
É isso...mas, mesmo assim, se a gente consegue naturalizar o menu 'lata de lixo' como se nada de grave estivesse acontecendo ali, é claro que não vai ser uma temperaturazinha elevada que vai tirar nosso ânimo.
Sigamos, de preferência com um olhar mais otimista, coisa que eu não consegui vislumbrar escrevendo esta crônica.