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Que tal? Vai pra Europa? Por Eugênio Afonso

Data:
Da redação

Como bom português também (tenho a dupla nacionalidade), estive em terras lusitanas algumas vezes e gosto de lá desde antes de entrar no roteiro das colunas sociais tupiniquins

Que tal? Vai pra Europa? Por Eugênio Afonso
Arquivo Pessoal

Como bom português também (tenho a dupla nacionalidade), estive em terras lusitanas algumas vezes e gosto de lá desde antes de entrar no roteiro das colunas sociais tupiniquins.

Naqueles tempos, os amigos sempre perguntavam: 'fazer o quê lá? Por que não vai direto pra França ou Espanha?' E eu, na lata: 'porque tem pataniscas, é uma terra bucólica, meus tios moram em uma casa centenária de pedra, em uma aldeia no norte do País, e o trem passa em frente' (olhos marejam de saudades).

Certa feita, acho que ainda com vinte e poucos anos (ui, faz é tempo), estava no Porto e comentei com uma prima que iria dar uma volta, conhecer outros países também, no que ela retrucou imediatamente: 'vai pra Europa?'...oi?...indaguei e respondi que já estava na Europa.

Mas os portugueses, durante muito tempo, se consideravam pequeninos e indignos de pertencer à comunidade. Nunca entendi essa postura. Sempre achei Portugal uma terra brava e saborosa. Eles, não. Se achavam a quintessência da desimportância.

Obviamente, tudo mudou e Portugal, atualmente, parece até estar no centro do furdunço habitacional, tamanha é a ebulição por lá. Confesso que até preferia aquele país como dantes, recheado de aldeias e recantos melancólicos, mas não sou senhor do destino.

E o "progresso" chegou, aldeia virou vila e Portugal, um dos centros turísticos mais requisitados da Europa, continente que eles tanto se recusaram a pertencer.

Agora, entre os países irmãos, os destinos se inverteram. O povo português foi minguando no Brasil ...hoje quase não há patrícios por cá ...e o brasileiro segue se aboletando, se refestelando por lá...

Uma verdadeira miscelânea de culturas, informações, até porque, apesar de termos sido colonizados pelo povo de além-mar, somos muito diferentes... ah! se somos. Aqui tudo é excesso e ruído, enquanto lá vigora o fado, a melancolia, o coitadismo. Vamos ver que receita vai brotar desse caldeirão cultural.

Aguardemos o porvir...

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