Se você já se deparou com uma garrafa de Syrah e, em outro momento, com uma chamada Shiraz, talvez tenha pensado que eram vinhos completamente diferentes. Mas aqui vai uma surpresa: é a mesma uva! E essa não é a única a ter identidades múltiplas no mundo do vinho.
Esse fenômeno de uma única variedade ter vários nomes dependendo da região ou do país é mais comum do que parece — e entender isso pode ajudar bastante na hora de escolher uma garrafa.
Syrah ou Shiraz
A Syrah (ou Shiraz) é um exemplo clássico. Quando cultivada na França, especialmente no Vale do Rhône, ela é chamada de Syrah. Já na Austrália, onde ganhou enorme popularidade, é conhecida como Shiraz. Embora o DNA da uva seja o mesmo, o clima, o solo e o estilo de vinificação conferem perfis bem distintos aos vinhos: os franceses tendem a ser mais elegantes e terrosos, enquanto os australianos são mais frutados e intensos.
Tempranillo ou Tinta Roriz
Outra que adora trocar de nome é a Tempranillo, uva espanhola usada em vinhos como os famosos Rioja e Ribera del Duero. Mas, se você estiver em Portugal, especialmente na região do Douro, encontrará a mesma variedade com o nome de Tinta Roriz. Em outras partes de Portugal, ela pode ser chamada até de Aragonez. Confuso? Um pouco. Fascinante? Sem dúvida!
Pinot Gris ou Pinot Grigio
Essa dupla é quase um jogo de espelhos. Pinot Gris é o nome francês, normalmente usado para vinhos da Alsácia, com estilo mais encorpado e às vezes levemente adocicado. Já o Pinot Grigio, mais comum na Itália, é conhecido por seus vinhos leves, frescos e secos — ótimos para dias quentes.
Primitivo ou Zinfandel
Essa é uma curiosidade e tanto: a uva Primitivo, muito plantada no sul da Itália, é geneticamente idêntica à Zinfandel, que ganhou fama na Califórnia. Apesar de serem a mesma uva, o estilo do vinho muda bastante, com os californianos geralmente mais robustos e alcoólicos.
Mourvèdre ou Monastrell (ou Mataro)
Essa uva tinta encorpada é conhecida como Mourvèdre na França, especialmente no sul do país. Na Espanha, ela atende por Monastrell e, em algumas partes dos Estados Unidos e Austrália, por Mataro. É ótima para vinhos de inverno, com notas de especiarias, couro e frutas escuras.
Grenache ou Garnacha
Se você curte vinhos tintos mais frutados e com taninos suaves, talvez já tenha experimentado a Grenache — nome francês da uva que, na Espanha, é chamada de Garnacha. É uma das variedades mais plantadas do mundo e costuma aparecer em blends como o famoso GSM (Grenache, Syrah e Mourvèdre).
Ugni Blanc ou Trebbiano
Mais uma curiosidade do mundo dos vinhos brancos! A Ugni Blanc, bastante usada na produção de conhaque na França, é a mesma uva conhecida como Trebbiano na Itália. Muito cultivada, ela é leve, cítrica e com alta acidez — ideal para vinhos brancos frescos e fáceis de beber.
Essas variações de nome acontecem por influência cultural, histórica e linguística. À medida que as uvas se espalharam pelo mundo, foram ganhando nomes locais — e às vezes até personalidades distintas.
Para o consumidor, pode parecer confuso no início, mas conhecer essas "identidades múltiplas" é uma forma divertida de explorar rótulos e expandir o paladar. Afinal, o mundo do vinho é feito de descobertas e cada garrafa traz consigo uma história para contar.
Até o nosso próximo encontro. TIM-TIM!