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Vinhos em Harmonia – O que são as lágrimas do vinho?

Data:
Livio Chiazzano

Você já girou uma taça de vinho e percebeu aquelas pequenas gotinhas que escorrem lentamente pelas paredes do bojo?

Vinhos em Harmonia – O que são as lágrimas do vinho?
Freepik

Você já girou uma taça de vinho e percebeu aquelas pequenas gotinhas que escorrem lentamente pelas paredes do bojo? Elas parecem deslizar com elegância, formando desenhos delicados que lembram verdadeiros arabescos de luz. Na enologia, essas marcas são chamadas de lágrimas do vinho; mas o que significam e por que elas encantam tanto os olhos dos apreciadores?

As lágrimas surgem quando giramos o vinho e o álcool, mais volátil, evapora rapidamente. Esse processo cria uma diferença de tensão superficial, fazendo com que pequenas gotas se formem e desçam pela parede da taça. É um fenômeno físico, mas que, aos olhos do enófilo, ganha ares de poesia.

É como contemplar um vitral de igreja: a beleza não está apenas nas cores ou nos desenhos, mas na forma como a luz se projeta através dele. Assim também acontece com as lágrimas: não são apenas gotas, mas sinais que nos contam algo sobre a estrutura do vinho.

Mas o que essas marcas revelam sobre o vinho? Através delas, podemos identificar três aspectos importantes: o teor alcoólico; quanto mais abundantes e lentas forem as lágrimas, maior tende a ser o teor de álcool do vinho. O corpo da bebida: vinhos mais encorpados costumam apresentar pernas mais marcantes e persistentes. A viscosidade: quanto mais açúcar ou glicerol (um subproduto da fermentação) o vinho tiver, mais densas serão as lágrimas. Ou seja; embora bonitas, as lágrimas não falam sobre qualidade absoluta do vinho, mas sim sobre características físicas que podem ajudar a entender melhor o que se tem na taça.

Alguns preferem chamá-las de pernas do vinho, pois descem com a lentidão de um caminhar elegante. Outros mantêm o termo lágrimas, evocando um certo romantismo. Seja como for, observar esse detalhe é como apreciar os vitrais de uma catedral: um instante contemplativo, que conecta o apreciador à beleza escondida nos pequenos detalhes.

Da próxima vez que girar sua taça, olhe com atenção para as lágrimas que escorrem pelo vidro. Mais do que um fenômeno físico, elas são um convite à contemplação. Assim como o vitral transforma a luz em arte, o vinho transforma ciência em poesia. E é nessa harmonia entre o que vemos, sentimos e degustamos que mora a verdadeira magia do vinho.

Até o nosso próximo encontro. TIM-TIM!

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