No mundo dos vinhos, as nomenclaturas como "Reservado", "Reserva" e "Gran Reserva" frequentemente aparecem nos rótulos e, por serem palavras parecidas, é normal que haja uma confusão entre os conceitos, principalmente por aqueles que estão iniciando no mundo dos vinhos. Mas afinal, o que exatamente essas palavras significam?
Na edição de hoje, o especialista em vinhos do Portal do Casé, Livio Chiazzano, irá explorar as diferenças entre esses termos e como eles variam entre o Velho e Novo Mundo, para que você não erre na hora da compra do vinho.
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Reservado
A designação "Reservado" é frequentemente associada a vinhos produzidos em países do Novo Mundo, como Chile e Argentina. No entanto, é importante notar que essa termologia não possui regulamentação específica e pode variar de produtor para produtor. Geralmente, vinhos rotulados como "Reservado" podem passar a ideia de que foram selecionados cuidadosamente ou envelhecidos por algum período antes do engarrafamento, contudo não há garantia de que o vinho foi submetido à tais processos em sua produção.
Reserva
Nos países do Velho Mundo, como Itália, Espanha e Portugal, a indicação "Reserva" tem significado regulamentado. Geralmente, isso implica que o vinho passou por um período mínimo de envelhecimento em barril e em garrafa antes de ser comercializado. Por exemplo, na Espanha, um vinho tinto Reserva deve ser envelhecido por pelo menos três anos, sendo pelo menos um ano em barril de carvalho. No entanto, esses requisitos podem variar conforme a legislação de cada região produtora.
Quando nos referimos aos países do Novo Mundo, precisamos evidenciar que não existe uma regulamentação clara quanto ao uso do termo “Reserva”. O que há, entretanto, é um entendimento de que a nomenclatura só deve ser aplicada aos vinhos que estagiaram, mesmo que por curto período, em barril de madeira.
Gran Reserva
A referência "Gran Reserva" indica um nível ainda mais alto de envelhecimento e qualidade. Nos países do Velho Mundo, como Espanha e Itália, os vinhos rotulados como Gran Reserva passam por um período de envelhecimento significativo em barril e em garrafa. Por exemplo, um vinho tinto Gran Reserva espanhol deve ser envelhecido por pelo menos cinco anos, sendo pelo menos dois anos em barril de carvalho. Esses vinhos tendem a exibir maior complexidade e sofisticação devido ao longo período de envelhecimento. No caso dos vinhos brancos e rosés, na Espanha, o período de envelhecimento é de, no mínimo, dois anos; sendo os primeiros seis meses em barril.
No Novo Mundo, a falta de uma legislação específica abre brechas para que cada vinícola utilize o termo Gran Reserva de maneira totalmente distintas uma das outras, mesmo estando em uma mesma região. Não é difícil encontrarmos, por exemplo, um vinho Gran Reserva argentino com estágio menor em barril do que um Reserva italiano.
Principal diferença entre o Novo e Velho Mundo
Enquanto nos países do Velho Mundo as designações "Reserva" e "Gran Reserva" são regulamentadas e têm requisitos específicos de envelhecimento, nos países do Novo Mundo, como Chile e Argentina, esses termos são frequentemente usados de forma mais flexível devido à falta de critérios objetivos. Isso pode levar a uma variedade de interpretações e diferentes padrões de qualidade entre os produtores.
Chile deixa de usar os termos Reservado e Reserva
A retirada dos termos “Reservado” e “Reserva” dos novos rótulos dos vinhos chilenos marca uma mudança significativa na indústria vinícola do país. Essas designações tornaram-se alvo de debate devido à falta de regulamentação clara e consistente. Ao remover essas nomenclaturas dos rótulos, os produtores chilenos estão buscando uma abordagem mais transparente e precisa para comunicar a qualidade e o estilo de seus vinhos, permitindo que os consumidores façam escolhas mais informadas. Essa medida pode contribuir para fortalecer a reputação dos vinhos chilenos no mercado global, destacando sua diversidade e autenticidade.
Em suma, ao escolher um vinho com uma dessas designações, é importante entender as diferenças entre o Velho e Novo Mundo e considerar as regulamentações específicas de cada região produtora. Isso irá te ajudar a fazer escolhas mais assertivas e a apreciar a diversidade e complexidade dos vinhos disponíveis no mercado.
Até a próxima semana. TIM-TIM!